O presidente da Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), André Nadai, concedeu entrevista coletiva na noite desta quinta-feira (13), para se defender das denúncias apresentadas por agentes e ex-agentes de trânsito da CMTU aos vereadores, durante a sessão de hoje da Câmara.
Muitos reclamam que foram exonerados sem justa causa. Outros estão com medo da demissão por, justamente, denunciarem o que, segundo eles, está sendo colocado em prática de forma irregular pela atual diretoria da companhia.
A primeira denúncia envolve a promoção pessoal de pelo menos 100 funcionários da CMTU. Muitos, da alta cúpula do órgão. Segundo os agentes, os servidores, que ingressaram na companhia depois de aprovados em testes para funções de Ensino Fundamental, por exemplo, estão, atualmente, ganhando o triplo em cargos que exigem Ensino Superior. A tal promoção foi oferecida sem a realização de novos concursos públicos.
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Os nomes do taxado assessor de imprensa da companhia, Leandro Rosa, e de Cristiane Hasegawa, diretora financeira e esposa de Nadai, foram citados pelos agentes. Alguns deles entraram com uma ação no Ministério Público do Trabalho, com o objetivo de formalizar a denúncia e pedir explicações.
A Justiça do Trabalho já emitiu parecer e espera que, até fevereiro do próximo ano, os funcionários que passaram pela promoção voltem a ocupar os cargos originais. A decisão judicial considerou ilegal o remanejamento sem a realização de novos testes seletivos.
Na coletiva, André Nadai disse que a CMTU vai recorrer da decisão. "Os funcionários vão continuar ocupando as mesmas funções. Não vejo nada de ilegal nisso", afirmou. Segundo o presidente da companhia, o remanejamento foi feito em "outras épocas", quando a CMTU não tinha recursos para realizar concursos. "Os cargos, antes ocupados, já foram extintos. Seria ilegal se eu fizesse o reenquadramento."
Na Câmara, os agentes também falaram sobre uma política de incentivo à aplicação de multas na cidade. Uma gravação, de uma conversa envolvendo o presidente da CMTU e um dos funcionários, foi passada durante a sessão desta quinta. No diálogo, André Nadai informa ao agente que não poderia conceder reajustes e benefícios à categoria por causa da baixa receita da companhia. Para os agentes, o presidente da CMTU dá a entender que a movimentação de recursos pode ser ampliada se houver mais aplicações de multas.
Nadai negou, na coletiva, a existência da chamada "indústria da multa". Para ele, o número de 300 multas diárias está dentro da normalidade. Ele afirmou que houve a ampliação de infrações, do ano passado para cá, por que a CMTU fez a contratação de 41 novos agentes e implantou os radares móveis e os vídeo vigias.
O presidente da CMTU deve se defender, novamente, durante a sessão da próxima quinta-feira (20) da Câmara. Ele afirmou que quer o mesmo tempo que os agentes tiveram no Legislativo para a apresentar a sua defesa. Os funcionários da companhia utilizaram mais de 1h30 da sessão de hoje para fazer a apresentação das denúncias.
Vale lembrar que o presidente da CMTU se utilizou da entrevista coletiva semanal do prefeito Barbosa Neto, realizada na manhã desta quinta, para rebater as denúncias. Na ocasião, Barbosa também falou sobre o caso e negou que os agentes estão sendo perseguidos.