Após o episódio da última sexta-feira (12), quando todos os presentes foram revistados pela Polícia Militar e oito jovens foram detidos por porte ou tráfico de drogas, os integrantes da Batalha de Rima voltaram a se reunir na Concha Acústica de Londrina na noite de hoje (19). Diferentemente da semana passada, quando havia aproximadamente 300 pessoas, desta vez o encontro ficou restrito a cerca de 50.
Coordenador da Batalha de Rima desde 2007, Washington Luís, de 34 anos, conhecido no meio cultural como W MC, acredita que a presença da PM nesta sexta afastou muitos integrantes. "Muitos me ligaram ou mandaram mensagens pelo nosso grupo no Whatsapp. Quando viram que a polícia estava aqui de novo, ficaram com medo. Ninguém quer passar por aquela revista de novo, ser humilhado de novo, enquadrado por não ter feito nada", afirma.
Na semana passada, segundo informa a Polícia Militar, foram encontradas diversas porções de maconha, totalizando 1 kg da droga, dois papelotes de cocaína e cerca de 40 frascos de lança perfume. "Qualquer aglomeração de pessoas vai ter gente com droga. Não importa se é da periferia ou das classes mais nobres da cidade. Mas esse não é o nosso objetivo aqui", argumenta Luís.
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Nesta sexta, cerca de 20 policiais faziam a segurança do local. "É um efetivo desnecessário. Tem quase mais gente lá do que aqui. Acreditamos que a intenção seja intimidar. Trouxeram o Canil e o Choque. É desnecessário", diz.
Segundo Luís, o movimento não pensa em sair da Concha ou suspender seus encontros. "A gente quer apenas usar o espaço público. Hoje nem viemos para fazer a batalha, não tem clima, mas viemos para mostrar que estamos aqui. Não é para vender ou usar droga, queremos fazer cultura. Não queremos confronto ou embate com a PM ou com os moradores, queremos diálogo, a gente quer conversar e ser aceito neste espaço", defende. Devido às festas de final de ano, o evento vai parar nas próximas semanas e deve ser retomado em janeiro do ano que vem.
A reportagem tentou localizar o comandante da operação, o capitão Arantes, do Batalhão de Choque, mas foi informada pelos demais policiais de que ele estaria acompanhando outras ações pela cidade. Os agentes interpelados disseram não ter autorização para comentar a mobilização do efetivo na Concha Acústica.
"Precisamos quebrar rótulos"
A secretária municipal de Cultura, Solange Batigliana, esteve na Concha na noite desta sexta para conversar com os integrantes da Batalha de Rima. Ela foi questionada pelo movimento sobre a possibilidade de apenas a Guarda Municipal, que é gerenciada pelo município, fazer a segurança do local durante o evento. "É uma questão que precisa ser conversada e tem muitos atores. Além da secretaria, tem o Ministério Público, a comissão formada pelos vereadores, os moradores e também a própria Polícia Militar. Precisamos dialogar para chegar a um acordo que garanta os direitos e interesses de todos", disse.
Batigliana ressalta a importância da utilização do espaço público dentro do limite das lei. "Dentro da ordem, não há nada que se oponha à realização do evento. Precisamos quebrar rótulos e preconceitos", finalizou.