O prefeito de Londrina, Marcelo Belinati, decretou luto oficial pelo falecimento da artista, médica, professora e escritora Nitis Jacon de Araújo Moreira, ocorrido nesta terça-feira (19).
Conforme o decreto 1.663, publicado na edição no 5.074 do Jornal Oficial do Município, durante três dias a Bandeira Municipal de Londrina será hasteada a meio mastro, em sinal de profundo pesar. Jacon tinha 88 anos e residia em Arapongas, dividindo suas atividades entre aquela cidade e Londrina.
O prefeito de Londrina, Marcelo Belinati, expressou suas condolências à família e aos amigos de Nitis Jacon, e destacou a grande importância de seu legado para Londrina.
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“A Nitis foi uma pessoa especial, e que deu uma contribuição imensa à cidade, através da criação do Festival Internacional de Londrina, o Filo, e de seus trabalhos como atriz e diretora. As artes e a cultura têm um papel fundamental para a formação da consciência de um povo, e a obra que ela iniciou vai permanecer na cidade, sendo continuada pelas próximas gerações de artistas. É realmente uma grande perda para Londrina, mas somos gratos por tudo o que ela deixou”, disse.
Conforme o secretário municipal de Cultura, Bernardo Pellegrini, Jacon desempenhou um papel gigantesco na vida cultural de Londrina e do Brasil.
“Ela formou gente nos palcos e nas plateias, e conectou Londrina com pessoas do mundo tudo. Trouxe grandes nomes do teatro e grandes pensadores da cultura para ajudar a cidade a ampliar seus horizontes e se ver como cosmopolita e moderna. Através das suas peças de teatro, a Nitis teve um papel fundamental na defesa da memória de Londrina e também no fortalecimento cultural do povo brasileiro. Foi uma pessoa que atuou em defesa das minorias, das mulheres, dos negros e dos indígenas, e que usou o seu trabalho e a sua arte para construir uma sociedade melhor e mais justa por meio da cultura”, afirmou.
TRAJETÓRIA
Nascida em 1935, na cidade de Lençóis Paulista (SP), Nitis Jacon mudou-se ainda na infância para Curitiba, para cursar o ginásio no Colégio Estadual do Paraná.
Posteriormente, passou no primeiro vestibular que prestou para o curso de medicina, na UFPR (Universidade Federal do Paraná). No entanto, naquela ocasião ela não chegou a concluir o curso, pois quando estava no quinto ano, casou-se e mudou-se com o marido para Arapongas, onde nasceriam seus três filhos.
Com experiência prévia nas artes cênicas, foi convidada, em 1968, a participar da organização do primeiro Festival Universitário de Teatro de Londrina, que estava sendo realizado pelos estudantes da cidade. Dessa forma, desempenhou um papel fundamental na criação do Festival Internacional de Londrina (FILO), um dos mais antigos e tradicionais eventos dedicados ao teatro na América Latina.
Jacon foi presidente de honra do Festival, tendo participado de sua organização até os anos 2000. Além disso, foi diretora dos grupos de teatro Gruta, de Arapongas, Núcleo I e Proteu/UEL, também atuando nos palcos.
Em 1971, iniciou sua carreira como servidora na UEL (Universidade Estadual de Londrina), na chefia do Setor de Cultura. Foi vice-reitora da instituição entre 1994 e 1998, chefe da Divisão de Artes Cênicas da Casa de Cultura da UEL e participou da criação do curso de Artes Cênicas da universidade.
Em 2002, Jacon foi convidada pelo governador do estado, Roberto Requião, para assumir a administração do Teatro Guaíra, em Curitiba, onde permaneceu por três anos.
Além da carreira artística e no universo acadêmico, também se destacou na medicina, tendo completado sua graduação na área em 1979, em Londrina. Especializou-se em psiquiatria e trabalhou no Hospital Psiquiátrico de Rolândia, onde foi diretora clínica, também realizando atendimentos em um consultório em Arapongas.