Um nome às vezes diz tudo.
No singular, Nitis. No plural, Nitis. Tanto pode ser uma como podem ser diversas. Ela, a Nitis. Elas, as Nitis.
Nitis no singular remete àquela garotinha de personalidade forte, a “espanholinha” que deixou a vida difícil dos pais imigrantes em Lençóis Paulista para estudar Medicina em Curitiba, onde já vivia um irmão. Lá, confirmou: o mundo muda, a sociedade muda, as pessoas mudam – vida é transformação.
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A casa dos estudantes, os primeiros anos de curso, a paixão pelo teatro, o dinheirinho extra das radionovelas, a juventude comunista. A militância na defesa das generosas ideias de igualdade que iriam pautar suas lutas pela vida afora.
Liderança energética, enérgica, ativa, irradiadora. Conheceu Abelardo, namorou, casou, construiu família, criou os filhos. O projeto era cuidar de casa, mas é claro que mais cedo, mais tarde, Nitis mergulharia de novo no coletivo: vivíamos sob uma ditadura, nasciam os festivais – e ela logo se tornou referência para toda uma geração de jovens de uma cidade quase tão jovem quanto eles.
Nitis singular, original, única. A Nitis ontogênese plasma sua história na história da terra vermelha.
Foi aí que surgiram as outras.
Na nova consciência das mulheres em movimento, na luta dos negros, na solidariedade permanente contra a injustiça, na denúncia da infância abandonada, na resistência da cultura popular, da cultura do índio, do caipira, do sem terra, do deserdado.
No confronto com o conservadorismo, na luta contra a ditadura, na campanha das diretas, no debate sobre os caminhos da universidade. Na construção da memória coletiva, na insurgência dos trabalhadores da cultura em confronto com o mercantilismo. Na construção da cultura como ferramenta de gestão.
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