Atual vice-presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Paraná (Sidepol), Ricardo Casanova esteve à frente da Delegacia de Homicídios de Londrina de janeiro a novembro de 2016. Ele relembra a grande demanda recebida pela repartição especializada em crimes contra a vida. "Hoje a estrutura da Delegacia de Homicídios é ínfima perante a necessidade, que é gigantesca. A delegacia iniciou 2016 com 1,3 mil inquéritos policiais (para dois delegados). Até a minha saída, em novembro, havia de 850 a 900 ainda em cartório (em aberto)", explica Casanova. Uma das dificuldades, segundo ele, é a falta de policiais para investigar tantos casos.
"No período em que estive à frente da delegacia, havia apenas um delegado (a partir de agosto), dois escrivães e oito investigadores, sendo que todos ainda participavam de plantões. Fica impossível concluir satisfatoriamente tantos crimes. Por exemplo, começávamos a investigação de um caso, apareciam outros dois, cinco, 10, 20, 30, e não tínhamos mais condições de atender todos. Tudo isso, além de outros problemas, alimenta a insatisfação do profissional de segurança pública", comenta.
Segundo Casanova, a categoria sofre com a falta de reposição e contratação de policiais. "Via sindicato, temos a promessa da nomeação de 49 delegados para este ano. Pleiteamos ainda a abertura de concurso público para o cargo de escrivão. O número de cargos para delegado criados por lei é de 780. Temos no Paraná 380 cargos de delegados em aberto, hoje com apenas 400 na ativa. O Paraná tem a pior proporção de número de delegado por habitantes do Brasil. Em relação ao cargo de escrivão, temos 1,4 mil cargos, pelo menos 700 vagas em aberto. É urgente a abertura de um novo concurso público para este cargo, o que não ocorre desde 2010", detalha.
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Para Casanova, a falta de estrutura policial colabora consideravelmente com o crescimento dos homicídios em Londrina e no Estado. "A PM, que desempenha um trabalho importantíssimo, realiza os flagrantes. Mas os números de crimes não diminuem. Você precisa desconstruir toda a cadeia da violência. Não basta colocar atrás das grades apenas a parte mais vulnerável do crime. Desta forma, o Estado não consegue desmantelar totalmente a quadrilha. O crime organizado e o tráfico de drogas, que são os maiores responsáveis pelos crimes, continuam agindo, crescendo e recrutando novos agentes", observa.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública e Administração Penitenciária (Sesp) informou, por meio de nota, que "está trabalhando junto a outras secretarias de governo envolvidas, como a de Finanças e Administração, o chamamento de mais 40 delegados e também a abertura de novos concursos públicos para suas carreiras de profissionais – como a de escrivães". A pasta salienta ainda que aproximadamente 40% de todo o efetivo da Polícia Civil foi contratado durante o governo atual