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AUMENTO DE 3%

Mesmo com proibições nos últimos anos, pesca de tubarão cresce em todo o mundo

Ana Bottallo - Folhapress
12 jan 2024 às 18:03
- Freepik
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O número de tubarões mortos anualmente relacionado à indústria pesqueira cresceu de 76 para 80 milhões entre 2012 e 2019, um aumento de 3% em todo o mundo.


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Por outro lado, entre 2000 e 2022, as legislações que tratam da captura de tubarões, restringindo-a ou proibindo-a em ambientes costeiros e de mar aberto, cresceram 1.000%.

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No período do estudo, as novas leis criadas para controle da pesca de tubarões, embora tenham sido importantes, necessitam ainda de revisões e novos estudos para garantir a proteção de tubarões e raias, que juntos são um dos grupos animais marinhos com maior perigo de extinção, atrás somente de mamíferos aquáticos.

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Os dados são de um estudo, publicado na última quinta-feira (11) na revista científica Science, liderado por pesquisadores da Universidade Dalhousie (Canadá), da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara (Estados Unidos) e da ONG The Nature Conservancy.


Para avaliar o impacto da mortalidade de tubarões, a pesquisa cruzou dados de captura em 150 países levantados a partir de órgãos de fiscalização regionais, em áreas com ou sem legislações proibindo a pesca. Em alguns casos, os dados eram informados pelos próprios navegadores, a partir de observadores ou fiscais nas embarcações. Em outros, eram obtidos via monitoramento de satélite (GPS).

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Quando havia pouca informação para um país, os pesquisadores recorriam aos bancos de dados públicos, como aqueles ligados a órgãos nacionais e à Organização para Alimentos e Agricultura da ONU (FAO, na sigla em inglês). No total, foram analisados dados de 1,1 bilhão de tubarões capturados nos últimos anos em embarcações pesqueiras no mundo.


O crescimento ocorreu principalmente nas embarcações costeiras, onde a captura aumentou 4%, enquanto houve um decréscimo de 7% nos pesqueiros offshore (alto-mar). Tais embarcações representam hoje 95% da mortalidade global de tubarões no que diz respeito ao número de indivíduos capturados.

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As regiões com índices mais elevados estão nas costas norte e sul do Atlântico, a oeste do continente africano, no oceano Índico e na região conhecida como Triângulo Coral, no Sudeste Asiático -entre as Filipinas, Indonésia, Papua-Nova Guiné, Malásia e Indonésia.


As principais causas identificadas para o aumento da mortalidade foram a pesca predatória, o chamado bycatch -quando a espécie-alvo é outra mas a embarcação acaba pegando outros animais- e o aumento da procura por carne de tubarão no mundo, o que tem impulsionado a pesca inclusive de espécies ameaçadas de extinção -mais de um terço das espécies analisadas no estudo estão nesta categoria.

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"A pesca insustentável de tubarões é um problema global de proporções gigantescas que pode, potencialmente, levar à extinção de algumas das espécies mais antigas e mais importantes do ponto de vista ecológico", avalia o autor sênior do estudo, Darcy Bradley, professor adjunto da UC e pesquisador da Nature Conservancy.


Por outro lado, novas leis proibindo a prática conhecida como "finning", que consiste na retirada das barbatanas de tubarões para venda em mercados especializados, diminuiu a mortalidade dos tubarões por essa captura específica, mas elevou a captura para o mercado de consumo do animal como um todo.

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"Nesse sentido, já têm dados apontando que o valor agregado da carne, embora ele seja menor do que a barbatana, compensa, por isso acreditamos que o consumo do animal cresceu", afirma o brasileiro Leonardo Feitosa, doutorando na Escola Bren de Manejo e Ciências Ambientais e um dos autores do estudo.


Ele explica que Brasil tem um papel relevante no aumento da mortalidade, onde o fenômeno tem crescido, em diferentes lugares. "E infelizmente há pouca fiscalização", diz Feitosa.

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Uma das barreiras enfrentadas pelo estudo, em particular no Brasil, é a falta de estatísticas pesqueiras confiáveis e similares nos países. Muitas vezes, os dados são auto declarados, o que leva inclusive à inserção de quantidades de pescado abaixo do que foi de fato capturado para evitar fiscalizações, explica o pesquisador.


No último sábado (6), fiscais do Ibama, principal órgão ambiental do país, flagraram centenas de barbatanas de tubarão-martelo na região metropolitana de São Luís, no Maranhão. No Brasil, ocorrem seis espécies de tubarão-martelo (Sphyrna spp.), todas listadas como criticamente ameaçadas pelo ICMBio (Instituto Chico Mendes de Biodiversidade).


O tubarão-martelo, aliás, foi uma das espécies apontadas no estudo da Science com taxa elevada de mortalidade nos últimos anos.


Uma forma de enfrentar o problema, segundo Feitosa, seria melhorar a fiscalização do que é pescado, já que só leis que proíbem a pesca não são suficientes para conter o avanço da mortalidade.


"Como há pescadores que dependem exclusivamente do pescado, criar zonas onde a pesca é proibida não é uma solução, pois aumenta a sobrepesca fora dessas unidades de conservação. Tampouco ajuda proibir uma espécie, porque muitos já chegam com problemas de identificação. Acredito que uma solução seria ampliar a fiscalização, inclusive com análise de DNA das espécies, e trabalhar junto às comunidades a importância de reduzir a captura de tubarões", completa.


Os autores vão na mesma direção e recomendam combinar proteções geográficas com regulamentações de pesca para melhorar a perspectiva dos tubarões. "Novas políticas precisam desencorajar a captura de espécies hoje com sobrepesca e ameaçadas, além de reduzir a captura incidental de tubarões", escrevem. Órgãos de gestão, empresas pesqueiras e os responsáveis pela fiscalização e controle das frotas devem trabalhar em conjunto para apoiar e implementar tais medidas, dizem.


PESCA DE TUBARÃO EM NÚMEROS


De 2012 a 2019:

Cerca de 80 milhões de animais capturados anualmente

Áreas costeiras do Atlântico, Índico, Pacífico e Sudeste Asiático concentram mortalidade

3% de aumento de mortalidade desde 2012

4% aumento de pesca em áreas costeiras

7% de queda na captura em alto-mar

De 2000 a 2022:

Aumento de 1.000% (10 vezes) do número de legislações protegendo tubarões

141 áreas proibindo o finning

29 proibindo a pesca total de tubarões

78 locais sem nenhuma restrição à pesca

Fonte: Worm et al., 2024. Global shark fishing mortality still rising despite widespread regulatory change (Science)


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