Perto de 10 mil motoristas e cobradores de Curitiba e Região Metropolitana cruzaram os braços desde a zero hora desta terça-feira, deixando quase 900 mil passageiros sem transporte. Os trabalhadores não aceitaram a proposta de reajuste salarial das empresas, deflagrando a greve durante assembléia realizada na noite de segunda-feira.
O Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc) pede a reposição das perdas salariais (2,9%), aumento real de 3% e reajuste de 11% no valor da cesta básica. O salário inicial do motorista é de R$ 966,60 e o do cobrador é de R$ 545,40.
Em reunião no início da tarde, o Ministério Público (MP) do Trabalho determinou que 60% da frota de 2,6 mil veículos das 22 empresas do Sistema Integrado de Transporte voltassem a circular nos horários de pico (entre 18 e 21 horas e 5 e 8 horas) e 40% nos períodos de menor demanda, sob pena de multa diária de R$ 50 mil para o Sindimoc e para o sindicato que representa os trabalhadores do setor de manutenção.
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Isso quer dizer que a situação deve permanecer confusa, ainda hoje, para o curitibano que precisa do transporte coletivo. Outra decisão judicial impede a realização de piquetes em frente às garagens dos ônibus. O não cumprimento implica em multa de R$ 10 mil.
O presidente do Sindimoc, Denilson Pires, disse que a entidade faria todo esforço para mobilizar os trabalhadores e atender a determinação do MP do Trabalho, mas assegurou que a categoria não voltaria atrás em relação à greve. Não havendo acordo até quinta-feira, o MP do Trabalho ajuizará ação de dissídio, cabendo então à Justiça a decisão sobre o percentual de reajuste. Pires admite que a categoria pode sair perdendo. ''Mas temos que estar do lado dos trabalhadores.''
O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) informou, por meio da assessoria de imprensa, que havia concordado com a proposta salarial do Sindimoc e, por isso, não entende a razão do movimento. O sindicato patronal alega que a greve foi deflagrada por uma disputa interna no Sindimoc, que está em período de eleição da diretoria, o que foi negado pelo coordenador jurídico da entidade, João Domingos Cardoso. Segundo ele, as empresas teriam oferecido apenas 2,7%.
O Setransp informou, ainda, que parte dos 120 ônibus que teriam sido depredados pelos grevistas já estavam sendo recuperados para voltar a circular. Segundo o sindicato, alguns veículos tiveram portas arrancadas, vidros quebrados e pneus esvaziados.
A Urbanização de Curitiba (Urbs) que administra o transporte coletivo acompanhou as negociações e garantiu, por meio da assessoria de imprensa, que não há previsão de reajuste na tarifa (de R$ 1,80). Esse foi um dos compromissos do prefeito Beto Richa (PSDB) que, no início do mandato, baixou em R$ 0,05 o valor da passagem.
Até o final da tarde de terça-feira, a Urbs havia cadastrado 370 veículos (vans e carros de passeio) para servirem de transporte alternativo. Eles passaram por vistoria nos itens de segurança e foi definido o itinerário de cada um. O preço máximo estipulado é de R$ 4,00 por passageiro.