A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) está preocupada com o desaparecimento do jornalista e cinegrafista Anderson Leandro da Silva, de 38 anos, ocorrido há cinco dias em Curitiba. Segundo a organização, há fortes indícios de que o caso seja mais um grave atentado contra o jornalismo, com as características clássicas de vingança motivada pela atividade jornalística. "É urgente a apuração dos fatos pelas autoridades",diz nota enviada pela entidade.
Leandro trabalha há 25 na cobertura de movimentos sociais e detém um grande acervo de cenas de conflitos envolvendo movimentos sociais do Paraná – dente elas, o vídeo em que registra o momento em que é atingido por uma bala de borracha durante a desocupação de uma área industrial, em 2008. À época, o jornalista recebeu ameaças de morte feitas por policiais.
Na tarde de 10 de outubro, o jornalista saiu de sua produtora Quem TV, em Curitiba, com destino a um município da região metropolitana. Como não voltou até a noite, o filho comunicou à mãe que Leandro da Silva não havia retornado.
Na manhã do dia 11, a família registrou o desaparecimento de Leandro da Silva na Delegacia da Vigilância e Capturas de Curitiba.
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Ângela, irmã do desaparecido, afirma que o caso pode ter sido motivado pelo seu trabalho, "por causa do seu acervo". Todas as gravações são públicas ou pertencem à produtora em que trabalha.
Os familiares enviaram cartas ao governador, Beto Richa, e ao Procurador-Geral do Ministério Público do Paraná, Doutor Gilberto Giacoia, pedindo que o Gaeco – Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado – e a unidade especial Tigre, grupo de elite da Polícia Civil, assumam as investigações e apurem se há caráter político no sumiço do jornalista. Em 15 de outubro, houve a primeira reunião entre os familiares e autoridades do Gaeco.
Até a manhã desse dia, o caso estava sob responsabilidade da Delegacia de Vigilâncias e Capturas de Curitiba. A Polícia Civil informou, em coletiva de imprensa na tarde desta terça-feira (16), que o Grupo Tigre (Tático Integrado de Grupos de Repressão Especial) assumiu as investigações sobre o desaparecimento do jornalista.
O delegado Silvanei de Almeida Gomes, titular do Tigre, disse que nenhuma hipótese está descartada e que inclusive uma suposta ligação do desaparecimento do jornalista por causa da agressão que ele sofreu em 2008 e que envolveu policiais militares também será investigada.
Em nota divulgada pela Secretaria de Segurança Pública do Paraná, o delegado-chefe do Tigre Sivanei de Almeida Gomes afirma que "até o momento não houve movimentação na conta bancária do jornalista, nem em seu cartão de crédito. O carro que ele usava quando desapareceu também ainda não foi encontrado." (atualizado às 16h08)