Em Engenheiro Beltrão (36 km ao norte de Campo Mourão), alunos da Escola Municipal Castelo Branco, passaram o ano letivo de 2000 estudando em um banheiro. A sala de aula foi improvisada por falta de espaço para acomodar os todos os estudantes matriculados na escola. "Não temos mais espaço e, para o próximo ano, o número de alunos deverá ir de 270 para 330", explicou a diretora Rosângela Merenda de Andrade.
A Escola Castelo Branco tem oito salas de aula e fica na periferida da cidade. Rosângela já chegou a fazer um orçamento para ver se seria possível a construção de duas novas salas através da Associação de Pais e Mestres (APM), mas desistiu da idéia. "A maioria dos pais é cortador de cana-de-açúcar e não tem como ajudar", frisou.
Pelo orçamento da diretora, as duas novas salas custariam pelo menos R$ 4,8 mil. Até o ano passado, as aulas de reforço aconteciam no salão comunitário, separado da escola. "Mas era perigoso ficar tirando as crianças da escola o tempo todo", disse Rosângela. Ela conta que pensou que sua idéia iria "assustar" a Secretaria Municipal de Educação, mas o uso do banheiro como sala de aula chegou a receber elogios da secretária Rosália Cândido Machado pela "criatividade".
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A sala de aula no banheiro foi utilizada durante o ano por 12 estudantes de 1ª a 4ª série e por dois professores, em dois períodos - manhã e tarde. Além dos alunos, segundo a diretora, a sala improvisada também causou constrangimento entre os professores.
"Os professores simplesmente deixaram de usar o banheiro", disse Rosângela. As carteiras foram colocadas ao lado de uma parede que não chega até o teto, que serve de divisão para os sanitários. Normalmente, o banheiro que virou sala de aula era usado pelas professoras e pelas meninas da escola. O quadro-negro foi improvisado na mesma parede onde ficam torneiras, mangueiras e materiais de limpeza.
A prefeitura diz que não tem dinheiro para fazer a ampliação da Escola Municipal Castelo Branco. Pior: desde agosto, o município cortou um repasse mensal de R$ 300,00 que as escolas recebiam para pagar despesas administrativas e de manutenção. Desde então, o estabelecimento sobrevive com campanhas de arrecadação que incluem a realização de bingos e a venda de pizzas. Isso, porém não evitou o corte do telefone por falta de pagamento.