O uso de antibióticos e remédios de bactérias selecionadas estão em xeque. Esses dois componentes têm sido empregados mundialmente há mais de uma década, para estimular o crescimento de aves e suínos, em alguns casos gado bovino. Porém, nos últimos cinco anos, essa técnica vem sendo questionada, sob alegação de que sua metodologia estaria criando resistências em microorganismos.
O assunto é preocupante porque a administração de antibióticos em animais saudáveis é uma prática rotineira para prevenir infecções e promover crescimento. Existem suspeitas de que o uso indiscriminado do antibiótico animal poderia também estar criando resistências em vírus e bactérias que atacam os seres humanos. O resultado é o surgimento de linhagens de bactérias resistentes aos antibióticos, afetando pessoas que comem carne contaminada ou entrem em contato com dejetos de animais. Até o momento, essa teoria não foi comprovada, mas não foi descartada.
Agora, o assunto está sendo estudado em laboratórios e institutos de pesquisas da Europa e Estados Unidos. E o Brasil não ficou fora dessa polêmica. Recentemente, uma comissão do Ministério de Saúde iniciou uma pesquisa sobre os efeitos desses remédios. A ação do Ministério da Saúde é preventiva e vem sendo feito com apoio de universidades paulistas e mineiras. Ainda não se tem resultados desses estudos.
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Serão analisadas carnes de diversas partes do País para saber se contêm alguma superbactéria. Também será feito um acompanhamento em determinados consumidores, para saber se os microorganismos não estão nessas pessoas. O trabalho é de longo prazo e um resultado preliminar só sairá dentro de dois anos.
Paraná
Enquanto isso, o Paraná também entra em alerta. O Estado está entre os maiores produtores de carnes de suínos e aves brasileiros. No ano passado, foram produzidas 1,1 milhão de toneladas de frangos e 650 mil de suínos. Grande parte dos produtores empregaram a polêmica técnica.
Parte dessa carne vai para o mercado internacional. No passado, a Secretaria de Comércio Exterior contabilizou que o Paraná faturou no item carne (entre elas, bovinos, aves e suínos) US$ 244,07 milhões.
Mas de acordo com as avaliações do Ministério de Agricultura do Paraná, não há casos de abusos de antibiótico. Nas análises colhidas pelo Programa de Controle de Resíduos Biológicos na Carne, nenhum componente do medicamento - bem como de sulfa, organoclorado e anabolizantes - foi registrado.
" O nosso produtor obedece as regras estipuladas com relação a esses produtos" , afirmou o chefe da Divisão de Defesa Agropecuária do Ministério, Carlos Conte. Apesar de não passar números dos exames realizados, ele disse que o controle é grande.
No entanto, um dos receios do Ministério de Saúde é a aplicação inadequada de medicamentos em animais saudáveis. Essa prática estaria desenvolvendo superbactérias. No Brasil não existem estudos, mas nos Estados Unidos existem casos de salmonella e campylobacter imunes aos medicamentos. Para o presidente do Conselho Regional de Medicina Veterinária, Paulo Borba, todo bom profissional sabe dos limites.