Um gavião-real, cuja imagem faz parte do brasão da bandeira do Estado do Paraná, foi visto na semana passada no município de Coronel Domingo Soares. As imagens surpreenderam toda a comunidade paranaense de ornitólogos e técnicos de conservação do IAT (Instituto Água e Terra). Será montado um plano de ação emergencial de averiguação e monitoramento da área do registro, para estabelecer um plano territorial de conservação da espécie no Estado. A equipe sairá em uma primeira expedição neste fim de semana.
A harpia ou gavião-real é a maior ave de rapina do Brasil e considerada criticamente em perigo no Paraná pela lista de extinção estadual de 2018.
A presença no Estado despertou a esperança de que ainda haja outros indivíduos nessa região e talvez no Parque Nacional do Iguaçu. Há anos não se tem nenhum registro da espécie em vida livre no Paraná.
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A bióloga Paula Vidolin, doutora em Conservação da Natureza e chefe do setor de Fauna do IAT, diz que o objetivo principal da expedição é, além de tentar novos registros da harpia, conversar com a comunidade local para orientar sobre a importância do achado, a preservação da espécie e como todos podem contribuir para otimizar as ações dos órgãos ambientais.
"A presença dessa ave no sul do país é cada vez mais rara, devido à transformação da paisagem e, principalmente, pelo abate praticado por caçadores, colecionadores e por pessoas que temem os ataques a animais domésticos”, explicou a bióloga. Ela ressalta que se trata de um registro extraordinário e que tem ainda um valor moral pelo fato de compor o principal símbolo paranaense. Vidolin disse que a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Sustentável e do Turismo está unida com a comunidade científica e que conta, ainda, com o apoio da Força Verde para ações de monitoramento local.
Pedro Scherer Neto, ornitólogo paranaense e um dos envolvidos na ação, chama a atenção para o fato de essa espécie ser uma águia poderosa do topo da cadeia alimentar. "Estamos trabalhando com dois vértices”, diz. "O positivo é para que muitas pessoas se interessem e se dediquem a procurar a ave. De ordem negativa temos o risco do interesse pela caça, podendo ocasionar a extinção completa no Paraná. A sensibilização para a preservação é importante nesse momento e que pode ser estendida para outras espécies”.
RARIDADE
Conhecida como gavião-real ou uiraçu (Harpia harpyja), é a maior ave de rapina que ocorre no Brasil. Habita as florestas de todo o Brasil onde constrói seu ninho em grandes árvores emergentes. Nesta espécie a fêmea é bem maior que o macho. A harpia está no brasão do Estado do Paraná e é um símbolo muito importante pelo poder e força que representa.
A presença da ave ocorria, principalmente, na região oeste paranaense de onde provem as maiores provas de sua existência nas grandes florestas. Peles dessas aves estão expostas no Museu de História Natural "Capão da Imbuia” e há inúmeros relatos pessoais de proprietários de fazendas onde a atividade econômica era a exploração madeireira.
No Paraná foi inserida na lista de aves em extinção em 2018 sob a categoria criticamente em perigo. Em contrapartida, o Criadouro de Itaipu Binacional, em Foz de Iguaçu, é o centro de reprodução de animais silvestres que mais cria harpia no mundo.
CONTATO
Cientistas e técnicos do IAT chamam a atenção de observadores de aves, proprietários de áreas na zona rural e interessados em conservação que apoiem as ações registrando as observações.
Qualquer pessoa que aviste a harpia deve entrar em contato com o órgão ambiental através do Projeto Detetives da Natureza, de preferência, com registro de imagens.
O Projeto visa estimular o registro fotográfico das espécies da fauna e flora nativa Paraná por meio da Plataforma iNatyuralista no link www.inaturalist.org/projects/detetives-da-natureza-do-parana.
O app é gratuito e após baixar basta acessar com uma conta do Google, facebook ou outras redes sociais.
Nos próximos dias uma ferramenta de registro voluntário estará disponível no site do próprio IAT a fim de facilitar o acesso e a coleta de informações sobre a harpia. O canal será disponibilizado para o público. Em caso de dificuldade de acesso também pode ser utilizado o e-mail [email protected].
EXPEDIÇÃO
Participam da expedição os técnicos do Escritório Regional do IAT de Pato Branco, Pedro Scherer Neto (ornitólogo), Rômulo Cícero Silva (ornitólogo) e Glauco Oliveira (ornitólogo/naturalista/fotógrafo).