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Gerente fica bilionário por poucas horas e perde tudo

Carmem Murara - Folha do Paraná
08 nov 2000 às 20:24

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A condição de bilionário durou poucas horas, mas foi tempo suficiente para deixar o gerente industrial Edson Carlos Moleda, 38 anos, de cabelos em pé. Ao tirar um extrato bancário de sua conta corrente no HSBC de Ponta Grossa, no dia 16 de outubro, Moleda descobriu que havia um gigantesco depósito em dinheiro de R$ 90 bilhões, quantidade equivalente à quase metade da dívida externa brasileira e superior ao Produto Interno Bruto do Paraná (PIB) que é de R$ 58 bilhões.

Moleda e sua mulher Noemi se apavoraram. Tiraram vários extratos no caixa eletrônico e no "home banking" para se certificar de que não estavam enganados. Passaram a noite em claro imaginando o que poderia ter ocorrido. Por suas cabeças passaram várias hipóteses: vítimas de lavagem de dinheiro, narcotráfico, máfia, políticos ou simplesmente um erro operacional do banco.

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No dia seguinte, logo cedo, procuraram o gerente do HSBC em Ponta Grossa para saber o que aconteceu. Ele disse não saber, mas informou que remeteria o caso aos seus superiores. O dinheiro não mais aparecia no extrato. Preocupado com o silêncio do HSBC nos dias que se seguiram, Edsom Moleda recorreu ao Banco Central, em Curitiba.

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O BC informou que encaminhou a documentação ao HSBC e pediu para o banco dar explicações ao cliente do que de fato ocorreu. A resposta, segundo o HSBC, foi enviada na última segunda-feira.

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O diretor de Relações com Investidores, Hélio Duarte, explicou que tudo não passou de um problema técnico num dos caixas eletrônicos do banco. "Houve um engano da máquina e o erro foi corrigido no mesmo dia", afirmou Duarte. Ele disse que carta explicando o ocorrido e pedindo desculpas pelo transtorno foi assinada pelo diretor executivo Maurício Alhadeff.


O irmão de Edson, Fernando Moleda, que acompanhou toda a história e tentou ajudar a família a desvendar o mistério, reclamou da demora do banco em respondê-los. "A grande dúvida é de onde veio este dinheiro, que daria para encher três carretas com notas de R$ 100, e para onde ele foi", disse Fernando, ao insinuar que pode ter ocorrido um esquema de lavagem.

Esta hipótese, no entanto, é completamente descartada pelo diretor do HSBC. Duarte diz que para movimentar ilegalmente dinheiro, o procedimento mais comum é abrir contas em nome de laranjas, que desconhecem a existência delas. No caso de Moleda, havia um controle sistemático sobre as operações bancárias.


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