Dentro de no máximo 60 dias o Instituto Ambiental do Paraná (IAP) espera concluir suas análises da situação ambiental de 26 empresas que estão instaladas na Área de Preservação Ambiental (APA) do Rio Iraí. O órgão está analisando os Planos de Controle Ambiental (PCM), feitos por 20 indústrias mais antigas da região, os quais prevêem ações para acabar com os riscos de poluição ao rio Iraí. As outras seis, de acordo com o chefe do Departamento de Licenciamento Ambiental do IAP, Pedro Dias, são empresas instaladas mais recentemente, que só conseguiram licença para funcionamento no local porque não produzem efluentes de processo industrial.
Apesar de anunciar a forte intenção do IAP de não conceder licença de operação a indústrias que coloquem áreas de mananciais em risco, Dias não acredita que a equipe de técnicos encarregada de analisar os planos das empresas decida pelo fechamento de alguma indústria. "O que eles podem decidir é que alguma empresa tenha que mudar algumas de suas atividades por trazer risco ao meio ambiente", diz. A maioria das 20 empresas antigas são enquadradas como pequenas e médias. Há fábricas de confecção, papel, alimentos, cosméticos, além de indústrias de espuma, carroceria e bancos para carros.
Além da análise dos planos de cada empresa, o IAP também está realizando um trabalho de campo para verificar se todas empresas apresentaram seus projetos e se há mais medidas a tomar. A intenção é garantir que todos os estabelecimentos da região com algum potencial poluidor, como postos de gasolina e empresas de lavagem de veículos tomem as precauções necessárias. A maioria, de acordo com Dias, não tem grande potencial poluidor, embora algumas produzam efluentes industriais de processo, que colocam o rio Iraí em risco.
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Nesse sentido, o IAP já está solicitando medidas de contenção, como a destinação adequada para indústrias que produzem resíduos sólidos, e a construção de bacias de concreto com sistema de contenção para aquelas que estocam produtos. A empresa mais problemática sempre foi a Popasa - Indústria de Papel, que já foi autuada várias vezes por emissão de efluentes no Rio Iraí. Só em 2000, a fábrica foi multada duas vezes pelo IAP, em abril e junho, num total de R$ 60 mil. Desde que mudou de proprietários, em meados do ano passado, segundo Dias, a empresa vem tentando se adaptar às exigências ecológicas.
A fábrica de espuma e tecidos Coppo Thirry, uma das seis instaladas na área nos útlimos anos, também trouxe problemas. "Para conseguir o licenciamento, eles afirmaram que não produziriam efluentes, mas a poluição acabou sendo detectada depois, na fiscalização", explica Dias. Atendendo exigências do IAP, a indústria já apresentou um plano de controle ambiental, que está sendo estudado pelo órgão. No momento, como medida paliativa, ela está coletando os efluentes em caminhão-pipa e levando-os para tratamento na Central de Efluentes Industriais da Cavo.
A APA do vale do rio Iraí, fornecedor de água ao mais novo reservatório da Sanepar, o Reservatório Iraí, abrange uma área de 11,5 mil hectares, nos municípios de Quatro Barras, Campina Grande do Sul, Colombo, Pinhais e Piraquara, todos na Região Metropolitana de Curitiba. Desde o dia 12/06 do ano passado, através do o Decreto 2.200, foi definido o zoneamento de uso para a APA, ficando proibida a instalação de novas indústrias na região. O Decreto também previu a obrigatoriedade de que as empresas antigas realizassem seus planos de controle ambiental, com um diagnóstico da situação e um cronograma de obras e investimentos, quando necessários.