O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) está "fechando o cerco" a tentativas de exportação ilegal de mogno pelo Porto de Paranaguá, no Litoral do Estado. Em uma operação nacional, 26 fiscais do órgão, começaram na madrugada a percorrer todos os depósitos de madeira daquele município, em busca de 38 contêineres contendo mogno, que ainda estariam escondidos, conforme denúncia anônima. Há duas semanas, equipes de Curitiba e Litoral procuraram pela carga.
Na maior apreensão do Estado, 32 contêineres com a madeira foram localizados pelo Ibama no último dia 07, no Depósito Tropical, em Paranaguá. A operação termina no domingo.
Nesta quinta-feira, equipes do Ibama mediam 12 pilhas de 7 metros cúbicos de mogno que estão depositadas no pátio do Depósito Tropical, além do mogno lacrado nos contêineres. Segundo a assessoria de imprensa do Ibama, os donos do depósito disseram que vão apresentar a documentação sobre a madeira.
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"Eles dizem que a madeira foi estocada antes de entrar em vigor a instrução normativa que proíbe o transporte, corte, comercialização e exportação do mogno", informou a assessoria. Por isso, completou, serão confrontados os documentos deles com o relatório do Ibama do Pará, de onde o mogno é oriundo, e os cálculos referentes à quantidade de madeira no pátio, o que ainda não foi concluído.
No posto do Ibama que funciona no Porto de Paranaguá, também há fiscais de Brasília, designados para intensificar os trabalhos de liberação de madeira para exportação, na tentativa de coibir possíveis atos de corrupção por parte de funcionários do instituto.
Na terça-feira, o Ibama instaurou sindicância e afastou dos cargos, o chefe do posto do Ibama no porto, Otto Kesseli Junior, e o fiscal Dynei Carvalho, que segundo denúncia anônima à Polícia Federal, estariam recebendo proprina em troca da liberação do mogno.
Kesseli Junior, de 62 anos, procurou ontem a Folha e disse que era inocente. "Trabalhei por 41 anos no Ibama. Por ter tido uma carreira brilhante me consideraram de confiança, quando me aposentei fui nomeado para ocupar o cargo no porto. Não posso deixar a minha imagem ser denegrida por conta de interesses escusos", disse.
Para Kesseli, as denúncias contra ele são fruto de um trabalho intenso de fiscalização. "São pessoas que se sentiram prejudicadas, ficaram com raiva e estão se vingando."
Para o acusado, uma das hipóteses é de que Dynei Carvalho estaria usando o nome dele para receber proprina. A Folha tentou, novamente, ouvir Carvalho, mas ele não foi encontrado em casa.