O número de prisões realizadas pela 7ª Delegacia de Polícia Rodoviária Federal em operações da Lei Seca aumentou mais de 45% no início deste ano na região Norte do Paraná. A estatística faz parte da pesquisa do policial rodoviário, Jefferson Cavalcante Ferreira, que avaliou cerca de 75 boletins de ocorrência nos dois primeiros meses do ano, principalmente nas festas de réveillon e carnaval. A sede da 7ª Delegacia está localizada em Londrina e atende cerca de 30 municípios do Norte do Paraná com nove postos.
Segundo a pesquisa "Estudo do perfil do condutor flagrado em crime de trânsito por alcoolemia no Norte do Paraná", o número de motoristas presos aumentou em 55% no último mês de janeiro em relação ao mesmo período do ano passado. No primeiro mês de 2013, 42 condutores foram detidos.
Em fevereiro, o número superou novamente as prisões registradas no mesmo mês do ano passado com aumento de 37% nos casos de condutores detidos. Ainda de acordo com o levantamento, houve um crescimento de 64% nas autuações emitidas em janeiro e de 74% em fevereiro. De acordo com o artigo 165 do Código de Trânsito Brasileiro, o motorista flagrado após ingerir bebida alcoólica pode ser multado em R$ 1.940,00, além de perder o direito de dirigir por um ano.
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Para Cavalcante, o crescimento no número de multas e prisões pode ser justificado pela fiscalização mais eficaz com planejamento e pelo aumento do rigor da Lei Seca, que passou a vigorar nas estradas brasileiras com "tolerância zero". "Além disso, o cidadão precisa reconhecer que por menor que seja a quantidade de álcool ingerida, a capacidade motora é alterada", ressaltou em entrevista ao Portal Bonde.
Perfil do infrator
Durante o período avaliado, Cavalcante informou que 100% dos condutores infratores são homens. Ele lembrou que apesar do período curto de análise, os dados correspondem a realidade vivida nas estradas e vias das cidades brasileiras. "Há dois anos, 77% das indenizações do DPVAT foram pagas aos motoristas do sexo masculino. Com a continuidade da pesquisa, pode ser que mulheres também sejam flagradas", comentou.
Além disso, 67% dos infratores estão na faixa etária entre 18 e 40 anos. No entanto, o pesquisador ressaltou que 42% dos motoristas multados têm entre 31 e 40 anos. "É uma faixa etária socialmente estabilizada com poder aquisitivo, o que possibilita a compra de veículos e o acesso à bebida alcoólica. Mas, essa situação passa uma sensação de liberdade e a pessoa acha que pode fazer o que quiser no trânsito", avaliou.
Médicos, professores e profissionais com alto nível intelectual são detidos por não reconhecer o risco de dirigir após beber. Precisamos mudar esse pensamento e a cultura do brasileiro que ignora a responsabilidade no trânsito", acrescentou.
O estudo também revela que 89% dos infratores não possuem passagem pela polícia. "Ao analisar envolvimento anterior dos condutores com processos ou registros de crime, constatou-se que a maioria expressiva dos condutores teve no crime de trânsito o seu primeiro envolvimento, ou seja, pessoas sem passagem policial acabam, por motivos fúteis como o álcool, perdendo sua primariedade penal", afirma Cavalcante na pesquisa.
O estudo que será encaminhado para a revista Brasileira de Saúde Pública pelo policial rodoviário, que foi professor pesquisador do Instituto Federal de Educação do Rio Grande do Norte (IFRN). O trabalho ainda contou com a participação da esposa de Cavalcante, a médica do trabalho com mestrado em pesquisa, Lidiane Macedo Ferreira.
"Partimos do princípio de que para se realizar um policiamento mais eficaz e cidadão seria necessário conhecer melhor quem está sendo abordado pelo policiamento, a fim de apoiar o desenvolvimento de ações voltadas para a educação para o trânsito e sua fiscalização", concluiu o pesquisador.