O Ministério Público estadual cobrou ontem do governo segurança policial ininterrupta nos prédios das Promotorias de Investigações Criminais de Curitiba, Londrina e Maringá. A medida foi considerada necessária depois que um incêndio criminoso, na última sexta-feira, destruiu documentos e provas de processos contra o crime organizado na PIC de Curitiba.
"Nessas três cidades, temos investigações de muita repercussão e visibilidade, que envolvem policiais, políticos e empresários", justificou o procurador-geral da Justiça, Marco Antônio Teixeira, chefe do MP no Estado. Em Curitiba, as investigações da PIC estão concentradas principalmente no envolvimento de policiais, políticos e grandes empresários com quadrilhas de tráfico de drogas e desmanche de carros roubados.
Em Londrina e Maringá, o trabalho dos promotores tem sido direcionado para conter o desvio de dinheiro público nas duas prefeituras. Como resultado dessas investigações, a Câmara de Londrina cassou em 2000 o mandato do prefeito Antonio Belinati (sem partido). Em Maringá, o prefeito Jairo Gianoto (sem partido) acabou afastado pela Justiça e o ex-secretário de Fazenda Luis Antônio Paolicchi, preso.
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Além da segurança em suas sedes, o Ministério Público pediu também a destinação de um novo prédio para a PIC em Curitiba, o investimento em equipamentos para o órgão e para os policiais que dão segurança a promotores em diligências. A lista de reevindicações foi apresentada por Teixeira e o promotor Dartagnan Abilhôa, coordenador da PIC, aos secretários José Tavares (Segurança), Pretextato Taborda (Justiça) e Alceni Guerra (Casa Civil). À saída da reunião, por volta das 16h30, Alceni disse que os pedidos seriam levados ao governador Jaime Lerner (PFL) ainda ontem. Até as 18 horas, a assessoria do Palácio Iguaçu não tinha a resposta do governador.
Desde o atentado, a PIC de Curitiba está provisoriamente instalada em um prédio do MP no centro da Capital. Segundo o procurador-geral, a estrutura é pequena e inadequada. Esse prédio está sendo vigiado constantemente por policiais militares. Um veículo da PM permanece estacionado em frente ao prédio.
Em relação a equipamentos, o MP necessita, por exemplo, de computadores -para repor os que foram destruídos no incêncio- e de comunicação, inclusive para a gravação legal de conversas telefônicas. Além disso, os cerca de dez PMs que protegem os promotores nas diligências em Curitiba trabalham com armas defasadas e veículos e equipamentos de comunicação obsoletos. "Eles lidam com o que há de pior na área criminal", justificou Teixeira.
O secretário estadual de Segurança, José Tavares, admitiu ontem que a segurança dos prédios do Ministério Público no Estado é falha e precisa ser melhorada. "Precisamos reexaminar essa questão", afirmou o secretário ao deixar a reunião com representantes do MP.
Segundo ele, o governo "não tem condições" de oferecer a "segurança absoluta". Boa parte da segurança de prédios públicos no Estado hoje é feita por empresas contratadas pelo governo. No prédio da PIC em Curitiba, atacado por dois homens encapuzados na sexta-feira, havia apenas um vigia, de 60 anos.
Tavares informou que o trabalho de perícia no prédio incendiado já está concluído. Não há prazo para a finalização das investigações. O procurador-geral do Ministério Público, Marco Antônio Teixeira, previu que, até o final da semana, será concluído um levantamento para saber a extensão dos danos do incêndio sobre os processos em andamento no órgão.
Teixeira voltou a assegurar que o MP possui cópias, guardas em outro local, dos principais documentos e provas já levantados. "Teremos que montar novamente os processos e, em muitos casos, retomar os depoimentos".