O juiz Daniel Surdi Avellar, da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Curitiba, decidiu nesta quinta-feira (20) inocentar a médica Virgínia Soares de Souza e outras sete pessoas acusadas de antecipar a morte de pacientes que estavam internados na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Evangélico, na capital paranaense. Ele julgou "improcedente e inadmissível a denúncia, tendo absolvido sumariamente a médica e entendendo que o processo deve ser encerrado".
A médica foi a chefe da UTI da casa hospitalar entre os anos de 2006 e 2013. O caso veio à tona em 2013, quando a polícia prendeu Virgínia e outros funcionários da UTI, subordinados à médica. Eles foram acusados pela morte de oito pacientes. De acordo com a denúncia, eles teriam usado técnicas médicas para que oito pacientes viessem a óbito, com o objetivo de liberar leitos na unidade.
Em coletiva de imprensa realizada na manhã desta sexta-feira (21), o advogado da médica, Elias Mattar Assad, ressaltou que o Conselho Regional de Medicina também absolveu Virgínia, que ficou conhecida, na época, como a "Doutora Morte". O advogado citou também que a médica ganhou uma ação trabalhista movida contra o hospital, no valor de R$ 4 milhões.
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Segundo a promotora de Justiça Fernanda Nagl Garcez, que atua no caso, a absolvição sumária de alguns crimes praticados pela médica se deu por "falta de provas suficientes" e que o Ministério Público do Paraná vai recorrer da decisão do juiz Daniel Avellar.
Conforme a promotora, a decisão "não analisa o conjunto de provas reunido durante o processo, apenas leva em consideração meras opiniões médicas". "O juiz deu mais relevância às testemunhas de defesa, que são médicos ligados à Virgínia e que ainda trabalham no Hospital Evangélico, em detrimento das provas periciais levantadas por médicos legistas do Instituto Médico Legal do Paraná, que fizeram uma análise criteriosa, que culminou em um laudo pericial de 800 páginas, e que não foi levado em consideração", diz Fernanda.
De acordo com a promotora, no laudo do IML fica evidente que a medicação utilizada pela médica e outros médicos envolvidos no esquema era coincidentemente a mesma para todos os pacientes, que possuíam quadro clínico e até pesos diferentes. "Eram fortes sedativos sem nenhuma indicação terapêutica que provocaram efeitos que evoluíram para uma parada cardiorrespiratória e, sem atendimento, culminaram na morte do paciente", explica a promotora, lembrando que há registros telefônicos de conversas entre os médicos que provam a conduta criminosa do grupo.