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Museu Paranaense será restaurado com recursos particulares

Redação - Bonde
14 mar 2002 às 19:23

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O prédio abrigou a prefeitura da cidade até 1969 - Prefeitura de Curitiba
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Inaugurado em 1914, o prédio do Museu Paranaense foi classificado como Unidade de Interesse Especial de Preservação (UIEP) de Curitiba. O decreto que dá esta classificação à edificação, assinado na semana passada, permite que a recuperação e restauro sejam financiados com a venda de cotas de potencial construtivo.

Em toda a cidade existem cerca de 600 imóveis cadastrados como Unidades de Interesse de Preservação (UIP), mas apenas nove deles são considerados como de "interesse especial" (UIEP).

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De arquitetura eclética, com fortes traços do estilo art-nouveau, a edificação é a única, em Curitiba, tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN). Ela também faz parte do patrimônio tombado pelo governo estadual. Desde 1969, quando deixou de ser a sede da Prefeitura, o prédio, que pertence ao município, foi cedido ao governo do Estado passando, em 1973, a abrigar o Museu Paranaense.

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Apesar de seu grande valor histórico, o imóvel apresenta hoje sérios problemas de conservação, como infiltração de água pela cobertura, deterioração de revestimentos, paredes e tetos de estuque (técnica muito usada no início do século) e o comprometimento de elementos decorativos. A última intervenção realizada na construção ocorreu ainda na década de 70.

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A venda de cotas de potencial construtivo das UIEPs, prevista na legislação municipal de proteção ao patrimônio histórico já possibilitou o restauro da Catedral Metropolitana, do prédio central da Universidade Federal do Paraná, do reservatório da Sanepar no Alto São Franscico, da Sociedade Garibaldi e das sedes do Ministério Público e da União Paranaense dos Estudantes. Outras duas edificações foram enquadradas como UIEPs no ano passado – os prédios da Fundação Cultural de Curitiba e da Sociedade Treze de Maio, que também serão restauradas.


O Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (Ippuc) está fazendo estudos para determinar o valor do projeto de restauro do Museu Paranaense e, a partir disso, a Secretaria de Urbanismo deve determinar o potencial a ser transferido e o número de cotas que serão colocadas à venda.

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Um primeiro passo para a elaboração do projeto foi dado no ano passado, quando um grupo de arquitetos da cidade realizou, com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura, um estudo sobre a arquitetura do prédio do Museu Paranaense. A base do trabalho foi o levantamento fotogramétrico das fachadas e do interior do prédio.


Trata-se de uma espécie de inventário que é feito a partir de ortofotos processadas em computador com a utilização de softwares especiais. É um recurso moderno, muito usado em restauros porque permite exatidão na reconstituição de detalhes arquitetônicos. Além do levantamento, foi também realizada pesquisa histórica sobre a edificação, para recuperar plantas, fotografias e documentos.

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A venda de cotas de potencial construtivo é semelhante à transferência de potencial, mecanismo adotado em Curitiba em 1982 e agora previsto também no Estatuto da Cidade – lei federal em vigor desde outubro do ano passado, que fixa normas para a adoção de instrumentos de política urbana.


A instituição de Unidades de Interesse Especial de Preservação está prevista em lei municipal de 1993 e cria uma sistemática diferenciada de transferência de potencial. O potencial construtivo, no caso da transferência, é a capacidade que o terreno onde está a edificação histórica teria, em tese, para receber uma nova construção, que é transferido para empreendimentos em outras regiões da cidade. No caso das UIEPs, este potencial é estabelecido em cotas que são colocadas à venda no mercado, garantindo recursos que financiam o restauro.


A venda das cotas é controlada pelo município e é feita na Secretaria de Urbanismo. Todo o processo é controlado e o valor arrecadado é depositado em uma conta especial, utilizada para financiar a obra. Há obrigatoriedade de prestação de conta da aplicação dos recursos.

As cotas de potencial podem ser compradas por empresas da construção civil ou particulares e são utilizadas para aumentar a área construída ou o número de pavimentos, até o limite do zoneamento da região, em novos empreendimentos.


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