Pescadores de Guaratuba, Litoral do Estado, começaram a retirar do mar os tanques-rede de criação de camarão. A determinação é da Procuradoria da República, que entendeu que a espécie de origem do Oceano Pacífico pode prejudicar o ecossistema. Os tanques não têm licença ambiental para serem utilizados. Os pescadores prometeram recorrer da decisão.
Por enquanto, estão sendo retirados apenas os tanques que ainda não cultivam camarão. O superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente no Paraná (Ibama), Luis Antonio Nunes de Melo, contou que os que estão cheios só devem sofrer intervenção depois que os camarões ficarem adultos. "É uma questão de bom senso. Se eles forem retirados agora não terão utilidade alguma. Temos estudos mostrando que o impacto dessa espécie não é muito violento."
Representantes do Ibama e dos pescadores vão se reunir nos próximos dias 27 e 28 no Paraná para decidir o que deve ser feito para regularizar a atividade. Segundo Melo, além da licença ambiental, os tanques devem ter autorização do Ministério da Agricultura, da Marinha e da Delegacia do Patrimônio da União. "A Procuradoria da República determinou que se regularizasse ou então que os tanques fossem retirados. Por isso, num primeiro momento, estamos tirando os equipamentos do mar."
Leia mais:
Com desconto ofertado de 26,60%, CCR arremata Lote 3 do pedágio do Paraná
Prêmio Queijos do Paraná está com inscrições abertas
Athletico começa a reformulação e demite técnico e diretores
Alep adiciona oito mil sugestões populares ao orçamento do Paraná
Cerca de 250 tanques são explorados em Guaratuba, segundo os pescadores. Destes, 200 já estão cultivando o camarão. Nove tanques já foram retirados do mar. O Ibama deu prazo de quatro dias, mas os pescadores acreditam que vão levar mais tempo na remoção.
Os tanques-rede começaram a ser usados no final de 1999. A pesquisa para o desenvolvimento do camarão litopenaeus vannamei (camarão branco do Pacífico), no Litoral do Estado foi feita pelo Centro de Propagação de Organismos Marinhos da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). Para os empresários e pescadores que investiram no projeto, uma grande vantagem é a rentabilidade e o fato de ele evitar a pesca de arrasto. Doze pessoas são donas dos tanques, que empregam cerca de 50 pescadores.
Os pescadores devem entrar com mandado de segurança para garantir a continuidade da exploração. O pescador Ivo Chiodini, que mantém sociedade em 65 tanques, espera reverter a decisão. "Tudo o que nós tínhamos está hoje na água. Vendemos barcos e equipamentos de pesca para participar do projeto." Ele lembrou que os tanques-rede já são adotados em Santa Catarina e no Nordeste do Brasil.
Em maio, doze pescadores foram multados em um total de R$ 40 mil pelo Ibama por não terem licença ambiental. A PUC foi autuada em R$ 150 mil, mas recorreu. Os pescadores aguardam ainda um acordo com o Ibama para reduzir os valores das multas.