O presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, coordenador do grupo paranaense do Trem Pé-Vermelho, disse nesta quarta-feira (27), em Florianópolis, que a pesquisa de campo do estudo de viabilidade que está sendo feita para a implantação dos trens de passageiros do eixo Londrina-Maringá e Caxias do Sul-Bento Gonçalves (RS) começará no mês de março. A definição saiu de reunião no Laboratório de Transportes e Logística (LabTrans) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), responsável técnico pelos dois projetos. O estudo deverá ser concluído até 11 de julho.
"Este projeto tem o espírito da Ferrosul", disse Gomes. Paranaenses, catarinenses e gaúchos estão trabalhando juntos para a retomada dos trens de passageiros. "O Ministério dos Transportes foi feliz na escolha da instituição para coordenar tecnicamente os estudos. O LabTrans é, sem dúvida, o melhor centro de logística e transporte do Sul e um dos melhores do Brasil e deverá ser a inteligência logística da Ferrosul, afirmou.
Gomes ressaltou que os estudos de viabilidade serão iniciados com recursos de R$ 800 mil repassados pelo Ministério dos Transportes, sendo metade desse valor para o Trem Pé-Vermelho, mas que para o êxito dos estudos serão utilizados também os recursos materiais e humanos aportados pelos municípios, universidades e pelos governos do Paraná e do Rio Grande do Sul.
Leia mais:
Órgãos estaduais do Paraná vão ter escala especial de funcionamento nesta quarta-feira
Estrada da Graciosa tem pare-e-siga nesta terça-feira para recuperar local de queda de árvores
Detran alerta para golpes por mensagens SMS
Queijo do Paraná está entre os nove melhores do mundo
A reunião em Florianópolis definiu o plano de trabalho, atribuições e prazos para o encaminhamento das pesquisas de campo, conforme Termo de Referência do Ministério dos Transportes, com a finalidade de dar continuidade ao levantamento das informações econômicas e sociais e das necessidades de transporte da região. População, densidade demográfica, taxa de crescimento, empregos, interdependência econômica dos municípios e movimentação de passageiros estão entre os itens a serem coletados pela pesquisa.
Para isso estão sendo utilizados os bancos de dados dos três níveis da administração pública (municipal, estadual e federal) e também das empresas, polícias rodoviárias e Correios, além de uma pesquisa de campo, prevista para março, no eixo Londrina-Maringá, que deve consultar entre 30 e 40 mil pessoas. O objetivo é elaborar o Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica, Financeira, Social e Ambiental do Trem Pé-Vermelho. O estudo vai determinar trechos, freqüência e dimensionamento da frota, número de estações, quantidade de passageiros, velocidade do percurso, custos do investimento e viabilidade econômica do projeto.
Na pesquisa de campo serão aplicados questionários em entrevistas para coleta de dados contendo informações como origem, destino, motivo, freqüência, modalidade, custo-tarifa, tempo de viagem estimado, bem como os dados sócio-econômicos do entrevistado em cada trecho ferroviário. A pesquisa será realizada em centros comerciais, shopping centers, parques industriais, instituições de ensino, hospitais e terminais rodoviários intermunicipais, entre outros, para determinar a origem/destino dos passageiros. O objetivo da amostragem é atingir pelo menos 2% da população urbana dos municípios envolvidos.
Participam da reunião técnica pelo LabTrans, os professores Rodolfo Philippi, coordenador do projeto, e Amir Valente; pela Ferroeste, Samuel Gomes, coordenador do grupo paranaense; e pela Trensurb, Paulo Roberto Cardoso Thimóteo, responsável técnico pelo projeto gaúcho. Também participam representantes do Lactec (Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento) e das universidades estaduais do Paraná (Uem e Uel) e do Rio Grande do Sul (Universidade Caxias do Sul-UCS),além de representantes das prefeituras de Londrina, Carlos Alberto Hirata, pelo Ippul (Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano), e de Maringá, Fernando Maia Camargo, da Urbamar (Urbanização de Maringá).
O objetivo básico dessa fase, segundo Samuel Gomes, é identificar as necessidades de transporte e de deslocamento dos moradores dos trechos contemplados e também projetar um quadro das linhas de desejo dos passageiros do Trem Pé-Vermelho. "Vamos trabalhar duro, em colaboração com os municípios, Lactec, UEL e UEM, para produzir um trabalho de excelência, que contribua para tornar o Trem Pé-Vermelho uma realidade o mais rápido possível."
Gomes lembra que os estudos do Ministério dos Transportes apontam que o incremento dos sistemas regionais de transporte melhora os índices de adensamento urbano e direciona o crescimento da região, funcionando, além disso, como "um desconcentrador dos grandes centros urbanos com a capacidade de descentralizar as atividades econômicas e abrir frentes de industrialização e crescimento no interior do país".
O presidente da Ferroeste disse ainda que no mês de fevereiro, antes do Carnaval, o grupo de trabalho vai se reunir com os vários atores, como prefeituras e polícias rodoviárias, universidades, transporte coletivo, que serão envolvidos na fase de levantamento de dados de pesquisa que servirá para elaborar o projeto de viabilidade do Trem Pé-Vermelho.