O Ministério Público Estadual (MP), ajuizou no último dia 5, no Tribunal de Justiça do Paraná (TJ), uma denúncia crime contra o prefeito de Cambé, José Carmo Garcia (PTB).
Conforme a denúncia, que ainda deverá ser recebida pelos desembargadores, entre 2001 e 2002, o prefeito, o presidente da Associação dos Servidores Municipais de Cambé, Carlos Alberto Serpeloni, e a secretária de Saúde, Djamedes Maria Garrido, teriam desviado R$ 743,8 mil. ''Desviaram renda pública municipal em benefício da associação, entidade civil privada, cujo valor chegou a R$ 743,8 mil'', diz parte da ação.
''Os cheques foram todos contabilizados na conta da associação que prestou contas do dinheiro. Ocorre que o MP, antes de receber todos os documentos, decidiu seguir com o processo para que possamos apresentar a defesa. Os recursos foram repassados para ações de saúde que foram e estão sendo prestadas. De forma alguma houve desvio de verbas'', disse Garcia.
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No entanto, conforme o MP, a associação teria utilizado os recursos para o pagamento de dívidas. ''Restou apurado ainda que os recursos destinados para saúde foram aplicados no pagamento de empréstimos efetivados pela entidade em meados do ano de 93 junto ao Banco Banestado, portanto em discordância ao estabelecido na Lei de Diretrizes'', relata a ação.
A reportagem tentou entrar em contato com Serpeloni, mas ele não estava em sua residência. Em entrevista concedida à Folha no dia 25 de fevereiro, Serpeloni confirmou que utilizou o dinheiro para o pagamento do empréstimo.
''Usamos para pagar dívidas de empréstimos do clube no banco Banestado/Itaú. Tínhamos dificuldades financeiras do clube por isso pedimos a dilação do prazo para prestação de contas até o final de 2003. Não conseguiríamos cumprir o convênio até o final de 2002. Até o final de agosto vamos prestar conta do total dos recursos'', afirmou Serpeloni. A secretária não foi localizada.
A ação foi proposta cerca de oito meses após o pedido de providências urgente protocolado no TJ pela Associação Cambeense de Defesa e Proteção dos Direitos da Saúde, denunciando a irregularidade. ''Nós do movimento, as entidades, estamos botando fé que agora com a denúncia do Ministério Público, esse assunto vai ser resolvido. Esperamos que sejam feitas as averiguações finais e que o dinheiro seja devolvido. Esse dinheiro foi tirado do sistema de saúde do município sendo que o próprio sistema de Cambé tem muitas dificuldades'', disse o coordenador geral do movimento, Wilson Vidotto.