Por conta da baixa adesão dos professores das escolas estaduais do Paraná à greve, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato) decidiu, em Assembléia, suspender o movimento. Os professores que haviam cruzado os braços desde o último dia 27 devem voltar nesta sexta-feira para as salas de aula.
Os sindicalistas prometem, no entanto, continuar negociando os itens da pauta de reivindicação que ficaram pendentes. Entre eles, o reajuste salarial e a garantia de não demissão dos celetistas até o final do ano.
De acordo com a APP-Sindicato, a paralisação só obteve sucesso nos núcleos regionais de Maringá, onde a adesão chegou a 70%, de Foz do Iguaçu e Cascavel, que mobilizaram 60% do quadro de professores, e de Londrina, onde 40% dos educadores interromperam suas atividades. No restante do Estado, a entidade admitiu que a adesão não passou de 10%.
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O sindicato atribuiu o fracasso do movimento à "repressão" da Secretaria de Estado da Educação, que "ameaçou o corte nos salários, antes mesmo de ser julgada a legalidade ou não da greve". Segundo Cláudia Gruber, secretária de administração da APP-Sindicato, as direções das escolas e os núcleos regionais de Educação, por conta da instabilidade, têm grande influência sobre os professores que são contratados pelo regime celetista e pelo Paranáeducação. Ela calcula que metade do quadro de 50 mil professores está nesses contratos. "A ameaça da perda do emprego também pesou", disse.
Os professores que saíram de Cascavel e de Foz do Iguaçu esta semana numa marcha de protesto rumo à Curitiba, devem manter a caminhada até a próxima quarta-feira. "Vai depender dos núcleos sindicais de onde partiu a iniciativa", informou Cláudia. Segundo a APP-Sindicato, está prevista para esse dia a votação do decreto legislativo que anula o decreto 4.313, que regulamenta as eleições para diretores das escolas.
Na última quarta-feira, os deputados aprovaram o regime de urgência da proposta que agora tramitará pelas comissões de Constituição e Justiça e de Educação. Os professores contrários ao decreto governamental apostam na sua derrubada e prometem lotar a Assembléia para acompanhar a votação.
Os grevistas encerraram o movimento sem a garantia do reajuste salarial, que era uma das principais reivindicações da categoria. A única conquista foi a retirada da Assembléia do projeto 411/00, que trata da contratação de celetistas. A intenção, informou Cláudia, é manter o canal de negociação com o governo, via Assembléia Legislativa. "Suspendemos a greve, mas não a mobilização", declarou. Os professores não abrem mão do reajuste de 50,03%.
A APP-Sindicato conseguiu esta semana uma liminar na Justiça que impede o governo descontar o salário dos professores que aderiram à greve. A Secretaria de Estado da Educação está recorrendo da decisão. A assessoria de imprensa informou que a Procuradoria Geral do Estado recebeu a notificação de uma outra liminar, expedida na quarta-feira pelo desembargador Antonio Lopes de Noronha, que anula quatro artigos do decreto 4.313, e já está preparando recurso.
Quanto à reposição das aulas, a Secretaria informou que vai ficar a critério de cada escola. Segundo a assessoria não deverá haver comprometimento no calendário escolar até porque a parcela de adesão ao movimento foi pequena.