O valor da tarifa do transporte coletivo de Ponta Grossa continua gerando polêmica na cidade. Ontem a prefeitura apresentou o resultado da auditoria feita no sistema de transporte coletivo e por esse estudo a atual tarifa, de R$ 1,00, está apenas R$ 0,03 acima do valor considerado correto.
No entanto, os membros do Conselho Municipal de Transporte, que estavam presentes à apresentação, consideraram o trabalho desqualificado para medir o valor correto da tarifa. Vários pontos do estudo foram contestados. O primeiro deles foi quanto ao número de usuários. Segundo o estudo apresentado pela Logitrans - Logística e Engenharia de Transportes Ltda, de 1994 para cá houve uma redução de 5% no número de usuários no transporte coletivo. E o número de passageiros estudantes aumentou 41%. Porém, esse dado foi obtido através de dados fornecidos pela própria empresa. "Me parece um pouco ingênua uma auditoria que faz seus estudos em cima de dados fornecidos pela própria empresa", disse o membro do conselho e presidente da Associação Comercial e Industrial de Ponta Grossa, Douglas Taques Fonseca.
Outro questionamento feito pelos conselheiros foi quanto a falta de uma análise contábil da empresa. Sem ela, segundo o conselheiro Irineu Cezepula, é impossível saber que critérios a empresa está usando para aumentar a tarifa. "O estudo feito pela Logitrans se baseia em dados médios nacionais. Ou seja, continuamos sem conhecer a realidade do transporte em Ponta Grossa", criticou.
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fim, os próprios auditores reconhecem que para colocar "ordem na casa" seria preciso primeiro fazer uma discussão jurídica a respeito da concessão do serviço. Isso porque o edital que estabeleceu a concessão está em desacordo com a lei que rege o transporte público na cidade. Enquanto a lei determina que os custos administrativos da concessão do transporte não podem ultrapassar 10% na composição do custo da tarifa, o edital de licitação permite que ultrapasse 13%.
Mesmo com toda a polêmica, o prefeito Péricles de Holleben Mello (PT) achou válido o estudo. Segundo ele, a auditoria será utilizada como argumento jurídico para defesa da prefeitura na ação que a concessionária do transporte na cidade, a Viação Campos Gerais, está movendo contra o município. Nessa ação a empresa alega que a tarifa deveria ser de R$ 1,00 desde maio do ano passado. Como o aumento só foi concedido em dezembro, ela quer que a prefeitura pague o suposto prejuízo acumulado nos sete meses em que a tarifa cobrada permaneceu em R$ 0,85.