Três adolescentes morreram pisoteados e mais de 25 pessoas ficaram feridas em um show de rock "pela paz", na noite deste sábado, no Jockey Club de Curitiba. A polícia pediu a prisão temporária do promotor do evento, Athayde Oliveira Neto, 22, acusado de homicídio culposo (sem intenção). Ele está desaparecido.
Há suspeitas de que foram vendidos mais ingressos do que a capacidade permitida. Milhares de pessoas que ficaram do lado de fora do Jockey tentaram entrar. Portões de ferro foram quebrados, houve briga e empurra-empurra.
As polícias Civil e Militar e o Juizado de Menores não foram informados do evento, assim como o Corpo de Bombeiros, que não foi solicitado para a liberação de alvará.
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No local havia apenas seguranças particulares. A maioria, desempregados, sem qualificação alguma, contratados em cima da hora para acompanhar o show. Um deles, ouvido pela polícia, recebeu R$ 25.
Os portões foram abertos para os shows de quatro bandas - entre elas Charlie Brown Jr. e Raimundos - às 19h. Por volta das 21h as bandas se apresentavam quando milhares de pessoas ainda aguardavam do lado de fora do Jockey, lotado. Estima-se que cerca de 20 mil pessoas estavam no local.
Revoltados, os que foram impedidos de entrar empurraram e arrebentaram os portões. Três adolescentes morreram pisoteados: Larissa Seletti, 15, Marina de Andrade Souza, 14, e Jonathan Raul dos Santos, 15.
A PM foi acionada e deslocou todo o efetivo de plantão que não estava em ocorrência grave - mais de cem homens.
"Os adolescentes que estavam fora tinham ingresso e queriam entrar de qualquer jeito. Isso gerou um tumulto enorme. Algumas pessoas foram pisoteadas e esmagadas", disse o tenente Valdecir Capelli, do setor de comunicação da Polícia Militar.
Segundo ele, os policiais tiveram de fazer um cordão de isolamento ao redor dos portões para afastar o público e permitir que os bombeiros prestassem socorro às vítimas.
Mais de 25 foram socorridas pelo resgate e levadas a hospitais da região. Entre elas, adolescentes de 12 anos. Segundo a Polícia Civil, 12 feridos estão internados em estado grave.
Alguns seguranças foram detidos, ouvidos pela polícia e liberados. Eles contaram que foram contratados de última hora pelo promotor Oliveira Neto. "Foi uma total negligência por parte do promotor", afirmou o delegado-geral.
Um documento de contratação para a promoção do evento foi apreendido. Ele estava rasgado e a polícia identificou apenas o nome de Oliveira Neto. Mas outras pessoas podem estar envolvidas na organização dos shows.
A polícia vai ouvir agora as vítimas e seus familiares, empresários das bandas, além do diretor de eventos do Jockey, Luis Fernando Mússi.
Os shows não foram interrompidos durante o tumulto. Segundo a polícia, se o evento fosse cancelado, o público ficaria mais revoltado e a tragédia poderia ser maior.