A Câmara Técnica da Área de Proteção Ambiental (APA) do Iraí, na região metropolitana de Curitiba (RMC) formalizou uma denúncia ao Instituto Ambiental do Paraná (IAP) de que pelo menos duas fazendas continuariam usando agrotóxicos na região da APA. A utilização desses produtos é vedada em área de proteção ambiental como a do Iraí, que serve como reservatório de água para consumo humano.
As propriedades denunciadas são a Estação Experimental Fazenda Escola Canguiri, da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e a Estação Experimental do pólo regional do Instituto de Agronomia do Paraná (Iapar) em Pinhais. Tanto o diretor do centro de estação experimental da UFPR, professor Luis Mário Fedalto, quanto o diretor da estação experimental do Iapar em Pinhais, Marcos Trade, questionam as denúncias.
Técnicos do IAP estão fiscalizando as propriedades para saber se o decreto 2200/2000, que cria a APA do Iraí, está sendo descumprido. A Câmara Técnica também pretende fazer a denúncia à Secretaria de Estado da Agricultura, responsável pela fiscalização de uso de agrotóxicos no Paraná.
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De acordo com o professor Fedalto, a fazenda escola da UFPR é uma unidade de ensino e não propriedade comercial. "Nosso objetivo sempre foi fazer pesquisa e desenvolvimento de tecnologia, nunca produzimos um quilo de produto para comercialização, o impacto ao meio ambiente das atividades desenvolvidas aqui é nulo", garante.
Segundo ele, a maior parte dos 500 hectares da fazenda é utilizado em manejo de florestas. Além dos cursos de agronomia, medicina veterinária e zootecnia, que desenvolvem atividades no local, alunos de engenharia florestal e engenharia da madeira também fazem pesquisas na fazenda.
Fedalto afirma que a direção da fazenda nunca recebeu uma informação oficial de órgãos estaduais sobre limitações de uso de produtos químicos no local. "Se a União determinar alguma mudança nos nossos procedimentos, vamos fazer, mas há 50 anos desenvolvemos pesquisas agropecuárias, sendo exemplares na proteção ao meio ambiente."
O diretor da unidade experimental do Iapar em Pinhais, Marcos Trade, reconhece as limitações impostas pela legislação da APA. Mas diz que o instituto precisa de um prazo para transferir as atividades da fazenda para outras unidades regionais do instituto.
"Nessa fazenda, o Iapar faz o melhoramento genético e desenvolvimento de novas variedades de frutíferas, precisamos de alguns meses para fazer a transferência sem prejudicar os produtores agrícolas que dependem do nosso trabalho", diz. "Desde o ano passado, os pesquisadores estão usando apenas produtos permitidos pela legislação, tanto que as frutas produzidas recentemente estão bichadas."
Existe um projeto de reconversão da fazenda do Iapar em Pinhais em uma unidade de pesquisa em produção agrícola orgânica (sem o uso de agrotóxicos). As atuais atividades da fazenda na área de fruticultura devem passar para a estação experimental na Lapa (sul do Estado).
A previsão é que a Sanepar só comece a captar água da barragem do Iraí para fornecimento à população da RMC em 2003.
Leia mais em reportagem de Emerson Cervi, na Folha do Paraná/Folha de Londrina desta sexta-feira