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De mãos atadas

Mulheres se revoltam contra a impunidade de assassinos

Redação - Folha de Londrina
07 mai 2003 às 20:30

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Elas têm vidas completamente diferentes. Uma mora com a filha única em uma casa confortável e bem decorada em um bairro tranquilo de Rolândia (25 km a oeste de Londrina) enquanto a outra divide uma casinha modesta com seis pessoas em uma chácara do Jardim Cafezal III (zona sul de Londrina). Em comum, as duas mulheres têm duas perguntas engasgadas em suas gargantas: quem foi e por quê?

Iraci Moers, 51 anos, perdeu o marido, Christoph, há três anos, durante uma tentativa de assalto em sua chácara, em Rolândia. Até hoje ninguém foi preso. Creuza Souza Rodrigues, 52 anos, teve a filha Eunice, 32 anos, executada a tiros, praticamente na porta de casa, quando saía para trabalhar, há quase três meses. Nos dois casos, não há suspeitos.

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Junto com o choque e a dor de perder uma pessoa amada de uma hora para outra, a total descrença na Justiça e a sensação constante de terem sido enganadas também unem essas mulheres. No caso de Iraci Moers, apenas uma reviravolta milagrosa pode apontar os culpados da morte do marido, que, aos 45 anos, reagiu a tiros ao assalto e foi atingido por duas balas. O único suspeito - atualmente cumprindo pena por roubo em outra chácara - foi absolvido há dois anos por falta de provas. O rapaz só foi a julgamento porque Iraci exigiu a reabertura do inquérito e colocou um advogado particular no caso.

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A revolta de Iraci se baseia no sentimento de que a polícia poderia ter feito mais para descobrir e prender os algozes do marido. ''Eles não fizeram nem ao menos um cerco e mal procuraram pelos homens em volta da casa'', relembra ela, que frisa que os policiais chegaram menos de 10 minutos depois do tiroteiro.

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Segundo o que a investigação levantou na época, pelo menos três homens estavam envolvidos no crime e o grupo fugiu a pé do local. O capitão Marcos Vinícius Koch, do 15º Batalhão de Polícia Militar de Rolândia, participou da operação e afirma que foi realizada busca nas cercanias - três viaturas teriam sido mobilizadas - mas a falta de informações sobre número e aparência dos assaltantes dificultou o trabalho. ''Fizemos o que foi possível'', declara.


A frustração de Iraci é ainda maior com a investigação que se seguiu. Christoph Moers foi morto no início de maio de 2000. Em outubro, o inquérito foi arquivado. ''A gente vê na TV o FBI (polícia federal norte-americana) resolver crimes por causa de um fio de cabelo. Quando meu marido morreu, eu tive que emprestar uma câmera fotográfica para os policiais (fotografarem a cena do crime) e nem as impressões digitais dos bandidos foram retiradas'', desabafa.

Na retomada das investigações, a dona de casa se deparou com outro problema: a dificuldade de cobrar justiça. ''É um jogo de empurra danado entre promotoria, delegado, juiz. Parece que ninguém tem responsabilidade'', critica. Segundo a reportagem apurou, a delegada responsável pelo caso na época não está mais morando no País.


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