Um religioso de 44 anos foi preso na última sexta-feira (27) suspeito de abusar sexualmente de cinco jovens em um terreiro de umbanda em Ponto Grossa, nos Campos Gerais. O pai de santo se utilizaria da fé das vítimas para praticar os crimes, fazendo com que elas acreditassem que os atos faziam parte de “rituais de purificação”. As vítimas são todas do sexo masculino, sendo que duas têm 16 anos e as demais têm entre 18 e 20 anos. Se condenado por todos os crimes, o religioso pode pegar mais de 20 anos de prisão.]
Ana Paula Carvalho, delegada do Nucria (Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes) de Ponta Grossa, explica que a investigação está seguindo duas linhas, já que os crimes envolvem tanto maiores quanto menores de idades. Segundo ela, duas vítimas do sexo masculino de 16 anos estão sendo acompanhadas pelo Nucria e o caso das outras três, também do sexo masculino, que tem entre 18 e 20 anos, está no 2° Distrito Policial Policial de Ponta Grossa.
A investigação começou após as duas vítimas menores de idade procurarem o Nucria, o que motivou que as outras três vítimas também fizessem a denúncia. “Ele fazia propostas de cultos e rituais específicos de purificação e dizia que ia medir o corpo dos meninos e, nessa medição, incluía os órgãos genitais”, detalha. Segundo ela, o religioso também se utilizava do fato de ser o líder do terreiro para praticar os crimes. A delegada não descarta a possibilidade de que novas vítimas sejam identificadas ao longo da investigação.
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Carvalho também ressalta que ele ameaçava as vítimas dizendo que se eles não se submetessem às vontades do “pai”, poderiam ser punidas já que eram os “filhos”.
“Ele não falava a forma [que as vítimas seriam punidas], deixava nas entrelinhas”, esclarece. Segundo a delegada, os abusos sexuais aconteceram repetidas vezes contra algumas das vítimas, incluindo práticas de masturbação e de sexo oral.
Os crimes aconteceram no terreiro de umbanda enquanto as vítimas estavam sozinhas. “O ato de passar a mão no corpo e acariciar os meninos era feito quando eles estavam sozinhos. Às vezes tinham outras pessoas no terreiro, mas ele acabava levando esses meninos para um cômodo da casa dele que fica dentro do terreiro”, detalha.
O mandado de prisão do líder religioso foi expedido na última sexta-feira e ele permanece detido no Presídio Hildebrando de Souza, em Ponta Grossa. O pai de santo é investigado pelos crimes de violação sexual mediante fraude, ameaça, estupro e importunação sexual.
As investigações devem ser concluídas até a próxima sexta-feira (3). A reportagem tentou contato com a defesa do pai de santo, mas não obteve retorno até o fechamento da edição.
Por meio de nota, a FUEP (Federação Umbandista do Paraná) disse que os seguidores da umbanda podem “estabelecer conexões com o mundo espiritual, conhecido como o Divino, por meio de rituais e preces”.
Entretanto, ressaltou que as práticas religiosas devem ser guiadas por “princípios morais e éticos sólidos” e que espera-se que os praticantes mantenham comportamento respeitoso, “especialmente aqueles que desempenham papéis de liderança religiosa”.
A nota também afirmou que a umbanda não inclui “práticas ritualísticas que comprometam os valores morais ou afetem a integridade humana” e que a FUEP “expressa sua firme repulsa a comportamentos antiéticos por parte de líderes religiosos”.