A polícia já sabe que foram quatro homens os autores da chacina na gleba Taquaruçu do Norte, em Colniza. Perícia aponta que as vítimas sofreram tortura. Alguns corpos estavam amarrados e um delas teve uma orelha cortada (e levada); vítimas foram assassinadas a golpes de facão e por tiros de uma arma calibre 12. As investigações contam com os serviços de inteligência das polícias civil e militar.
Técnicos da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec) realizaram os exames de necropsia durante todo o sábado (22) e confirmaram que sete das vítimas são de Rondônia, uma é de Mato Grosso e uma de Alagoas, todas adultas na faixa etária de 28 a 58 anos. Os corpos foram liberados para os enterros, que já aconteceram. O laudo final ficará pronto em dez dias. As vítimas são Fábio Rodrigues dos Santos, Izaul Brito dos Santos, Ezequias Santos de Oliveira, Samuel Antônio da Cunha, Francisco Chaves da Silva, Valmir Rangeú do Nascimento, Aldo Aparecido Carlini, Sebastião Ferreira de Souza, Edson Alves Antunes.
Segundo policiais, os assassinos "entraram e executaram, barraco por barraco, as pessoas que estavam dentro deles", disse. O clima é de pânico na vila e segurança foi reforçada. A identificação da maioria dos corpos só foi possível com apoio de prontuários civis dos Institutos de Identificação dos estados e ou cidades de origem das vítimas.
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A Prelazia de São Félix do Araguaia lamentou, em nota, a chacina em Colniza e alertou para risco de novas situações violentas. Segundo a nota "as famílias de agricultores da Gleba Taquaruçu vêm sofrendo violência desde o ano de 2004". Neste período, em decisão judicial, a Cooperativa Agrícola Mista de Produção Roosevelt ganha reintegração de posse concedida pelo juiz de Direito da Comarca de Colniza, como anunciada na Nota da Comissão Pastoral da Terra, de 20 de abril deste ano. Em 2007, ao menos dez trabalhadores foram vítimas de tortura e cárcere privado e, neste mesmo ano, três agricultores foram assassinados.
Segundo o bispo emérito da prelazia dom Pedro Casaldáliga reconhecido internacionalmente por sua luta em defesa dos direitos humanos principalmente na região do Araguaia (MT), o município já foi considerado o mais violento do país. De acordo com a nota na região existem outros conflitos de extrema gravidade, como o da fazenda Magali, desde o ano 2000, e o conflito na Gleba Terra Roxa, desde 2004.
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) informou que há mais de dez anos são comuns conflitos fundiários no local. Segundo a entidade religiosa, "investigações policiais feitas nos últimos anos apontaram que os gerentes das fazendas da região comandavam uma rede capangas, altamente armados que usavam o terror para expulsar os pequenos produtores da área".
A OAB/MT informou em nota que acompanhará toda a investigação cobrando uma apuração rigorosa e correta do caso. Segundo a entidade "há muito tempo a questão agrária e fundiária, especialmente na região Norte de Mato Grosso, deixou de ser palco de disputa de terras para se tornar um cenário de violência constante e descontrolada". A nota encerra afirmando que é inadmissível "nos dias de hoje, que a que episódios brutais como estes se transformem em estatísticas. Não vivemos numa terra sem leis e não podemos admitir que se pense o contrário".