A Polícia Militar do Paraná deteve na tarde desta sexta-feira (30) 12 policiais da corporação acusados de envolvimento na morte de cinco pessoas, no bairro Alto da Glória, em Curitiba, no último dia 10 de setembro. As detenções foram pedidas pela própria Polícia Militar depois de investigar os fatos através de um inquérito policial militar instaurado pelo Comando do Policiamento da Capital.
O pedido foi aceito e embasado pelo juiz Davi Pinto de Almeida que expediu no início da tarde desta sexta medida cautelar restritiva de liberdade contra 13 policiais militares. Até o fechamento desta nota (19h), 12 policiais já estavam recolhidos. O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) acompanhou as investigações a pedido da Secretaria da Segurança Pública e também investiga paralelamente as acusações de homicídio doloso.
Segundo as investigações, na noite do dia 10 de setembro de 2009 equipes do 20° BPM localizaram um veículo furtado com cinco pessoas e iniciaram uma perseguição. Quando estavam na Rua Nicolau Maeder, no bairro Alto Glória, bateram o carro. De acordo com o IPM, os cinco jovens estavam feridos, teriam se rendido aos policiais que os algemaram e colocaram na viatura. Ao contrário da versão repassada pelos PM´s, os rapazes não teriam atirado contra a polícia. O aparelho rastreador implantado nas viaturas da PM pela Secretaria da Segurança demonstrou também que as viaturas seguiram primeiro para um matagal no bairro Santa Cândida e só depois foram levadas mortas ao Hospital Cajuru.
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"As provas colhidas durante a investigação demonstram indícios muito fortes de que houve execução contrariando a primeira versão dos policiais. Isso é uma atitude de bandidos e não de policiais por isso estão sendo investigados pelo Ministério Público para que possam responder também pelo crime de homicídio na Justiça comum", disse o secretário da Segurança pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari. No dia da ocorrência, o secretário comunicou pessoalmente ao Ministério Público para pedir o acompanhamento das investigações. "Foi por conta deste fato que já desconfiávamos que proibimos o transporte de vítimas feridas por policiais em viaturas", explicou.
Segundo o comandante geral da PMPR, coronel Luiz Rodrigo Larson Carstens, ao agirem, em tese, com desvio de conduta e atuarem de maneira contrária as leis vigentes, os policiais teriam ferido a ética que norteia a ação de todos os policiais militares que atuam na corporação.
"Além disso, se comprovado o desvio de conduta, também foram contra as garantias internacionais de direitos humanos estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), que também são aplicadas nesta instituição militar", disse o comandante.
O coordenador estadual do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Paraná, Leonir Batisti, informou nesta sexta-feira (30) que já está na fase final da investigação que apura a conduta de trezes policiais militares suspeitos de terem assassinado cinco rapazes no bairro Alto da Glória, depois de supostamente terem roubado um carro, no mês de setembro. As mortes que inicialmente foram justificadas pelos policiais como se fossem conseqüência de um confronto entre os acusados e os pm´s começaram a ser investigadas pelo Ministério Público logo após um telefonema do secretário Luiz Fernando Delazari comunicando os fatos.
Segundo o promotor, para terminar as investigações faltam apenas a liberação de alguns laudos técnicos. "São algumas provas técnicas do Instituto de Criminalística. Acredito que dentro de algumas semanas já teremos o resultado", explicou Batisti. Ainda de acordo com ele, a investigação apura se os policiais realmente agiram em legítima defesa ou se cometeram homicídio. "Estamos investigando a conduta de cada policial em separado. A forma que cada um teria agido naquela noite e vamos concluir se houve ou não abuso dos policiais no confronto", comentou. Durante a investigação foram ouvidas testemunhas e acompanhado perícias. Caso o resultado a ponte para homicídio, os policiais irão responder criminalmente pelas mortes na Justiça comum.
O local de detenção dos policiais não será divulgado por questões de segurança.
Os policiais envolvidos são:
1. 2º Tenente Otávio Lucio Roncáglio
2. Cabo Josué Antônio do Nascimento Martins
3. Soldado João Carlos da Silveira
4. Soldado Wagner Vinicius Mendes
5. Soldado Rafael Luiz Martins
6. Soldado Marcio Luiz Biscaia
7. Soldado Marcio José Kinap
8. Soldado Elcio Cavalheiro
9. Soldado Luis Carlos Carstenzen (ainda está sendo procurado)
10. Soldado Claiton Magalhães
11. Soldado Vanderlei Camargo Delgado
12. Soldado Marcio Silva de Oliveira
13. Soldado Daniel Alves David