Pelo menos três homens foram denunciados e presos após molestarem sexualmente mulheres dentro de ônibus do transporte coletivo de Goiânia. O mais recente episódio ocorreu na segunda-feira (7), após um passageiro de 55 anos de idade chegar ao extremo de colocar o órgão genital para fora e ejacular no braço de uma mulher. Os outros dois casos são do ano passado.
Na ocorrência mais nova, a vítima foi uma jovem de 20 anos de idade. Quando notou o que estava acontecendo, ela gritou e outros passageiros detiveram o homem até a chegada da polícia. Identificado como Hermes Gomes Soares, servidor público, ele foi levado para a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) e autuado, passando a responder pela contravenção penal de importunação ofensiva ao pudor.
Tal como em outros casos semelhantes, o homem foi liberado após ter sido lavrado um termo circunstanciado de ocorrência (TCO) na Deam. A delegada titular, Ana Elisa Gomes Martins, relata que um dos outros dois episódios anteriores teve as mesmas características.
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Em um deles, o suspeito, Aristóteles Dias Oliveira, 36, chegou a tirar parte da roupa e ejacular na saia de uma mulher que estava sentada sozinha no veículo. "A vítima o segurou e acabou dando uns tapas nele dentro do ônibus", relembra a delegada. Neste caso, o motorista do ônibus foi quem acionou a Polícia Militar que prendeu o homem e o encaminhou para Deam. A mulher registrou ocorrência, a exemplo de uma outra jovem, de 23 anos, que era perseguida por um homem de 49 anos de idade. Na primeira vez em que ele a assediou a mulher pediu ajuda e foi ignorada pelos demais passageiros. Na tentativa seguinte, assim que o suspeito encostou na vítima dentro de um ônibus vazio, ela telefonou para a polícia. Ele tentou fugir, mas ela correu atrás e foi ajudada por outros usuários do transporte coletivo que prenderam o homem e o caso acabou na delegacia.
Para Ana Elisa, o mais grave nem é o fato deste tipo de assédio não configurar crime, e sim contravenção penal, de menor potencial, punido com prisões simples, prestação de serviços, cestas básicas e/ou pagamento de multas. O maior problema é a falta de denúncias: "Estes casos devem ser muito mais numerosos, e isto não aparece nas estatísticas porque uma minoria de vítimas é que denuncia", ressalta. Outro aspecto negativo e grave é a omissão dos demais passageiros. "A vítima dificilmente consegue prender o molestador sozinha."
A delegada disse que o assunto teve maior visibilidade agora por conta da reação contra as chamadas "encoxadas" nos metrôs e trens de outros Estados. Ana Elisa reforçou que, se o número de denuncias registradas crescer em Goiânia, ela terá argumentos mais fortes para outras medidas, como cobrar das empresas de ônibus que reforcem a segurança. "O transporte coletivo já é um terror de modo geral para os passageiros, e para as mulheres é muito maior porque nele ficam ainda mais vulneráveis que os demais usuários."