A esposa do empresário Assad Jannani, a comerciante Dulcinéa Jannani, negou ontem em depoimento ao Ministério Público (MP) que tenha sido funcionária fantasma no gabinete de Barbosa Neto (PDT) quando o hoje prefeito ocupava uma vaga na Asssembleia Legislativa. Ex-assessora de Barbosa, Dulcinéa pode ter sido a última depoente dos 11 nomes cujos depoimentos via carta precatória foram solicitados ao MP em Londrina pelo promotor de Defesa do Patrimônio Público de Curitiba, Odoné Serrano – o 11º seria o do ex-assessor Rogério Bertipaglia, que estaria em tratamento de saúde.
O inquérito civil em andamento teve início a partir de denúncia apresentada ao MP em Londrina em abril de 2003 por Agnaldo Rosa, hoje comissionado (assessor executivo I) na Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU). À época, Rosa relatou à Promotoria que funcionários do então deputado receberiam pela Assembleia, mas estariam trabalhando em um programa de TV comandado pelo parlamentar, em Londrina.
Após o depoimento de ontem, prestado ao promotor Jorge Barreto, Dulcinéa saiu sem falar com a imprensa. O advogado dela e do marido, Carlos Alberto Paolielo, disse que a cliente prestava serviços de assessoria a Barbosa a partir de um escritório em Londrina.
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Segundo a FOLHA apurou, a comerciante declarou ao MP que o escritório funcionava em uma espécie de anexo de sua própria residência, em Londrina, no qual, pelo salário mensal de R$ 3 mil, realizava atividades como atender telefones ou agendar reuniões para o deputado.
Dulcinéia ainda teria comparecido – durante os 16 meses em que supostamente teria exercido assessoria – duas vezes ao gabinete de Barbosa em Curitiba; já o salário alegou recebê-lo em uma conta corrente conjunta à do marido. A reportagem indagou ao promotor que documentos a ex-assessoria apresentou. "Nenhum. Ela disse já ter entregado holerits para a Polícia Federal (PF)", comentou Barreto.
Em entrevista ontem por telefone à Rádio Paiquerê AM, de Londrina, Barbosa – que retorna sexta-feira de viagem à Europa – disse estar "tranquilo" e, relação à investigação. "Vejo isso tudo com total tranquilidade. O MP tem o dever de cumprir seu papel", afirmou.
Assad responderá por desacato
O empresáário Assad Jannani, ex-chefe de gabinete do então deputado estadual - hoje prefeito - Barbosa Neto (PDT), vai responder processo no Juizado Especial Criminal por desacato a autoridade. Jannani foi ouvido ontem à tarde durante aproximadamente uma hora e meia no termo circunstanciado (TC) instaurado pelo delegado do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Alan Flore. O pedido para abertura de TC foi feito pelo promotor de Defesa do Patrimônio Público, Renato de Lima Castro, na última sexta-feira, depois que Assad o teria chamado de "imbecil".
O empresáário foi o nono de 11 nomes que constam de carta precatória encaminhada ao Ministério Público (MP) em Londrina pela Promotoria de Defesa do Patrimônio Público de Curitiba. O órgão investiga suposta existência de funcionários fantasmas no gabinete do então parlamentar. Na sexta, após o depoimento, Assad teria se irritado ao ter negado, pela Promotoria, pedido para levar consigo cópia do depoimento. Ele alega ter chamado de imbecis as perguntas dos promotores Castro e Leila Voltarelli; estes, por sua vez, afirmam que o adjetivo teria sido dirigido também a eles, o que teria configurado o desacato.
Ontem, acompanhado do advogado Carlos Alberto Paolielo, Assad voltou a negar que tenha desacatado os promotores, mas não se estendeu. O advogado também não quis se manifestar sobre o termo. "Lendo o TC, vocês vão ver claramente o que existe", resumiu.
O delegado do Gaeco disse que a audiência de Assad na Justiça Criminal estáá marcada para o mês que vem. "Foi instaurado o termo circunstanciado destinado à apuração de crimes de menor potencial ofensivo. Pela versão que nos foi apresentada, ele negou desacato - afirmou que a pergunta formulada seria imbecil", explicou Flore.
Indagado se algumas frases de Assad na recepção do MP poderiam qualificar desacato - ele declarou, por exemplo, que os promotores não estavam "preparados para exercer a função nobre da promotoria", Flore resumiu: "Isso dito a (autoridade) no exercício da função, pode caracterizar desacato, sem dúvida".