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A Pátria em calções e chuteiras

18 dez 2009 às 16:19
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A PÁTRIA EM CALÇÕES E CHUTEIRAS.


O cidadão inglês tradicional, que acompanha os passeios da Rainha da Inglaterra pela televisão, da mesma maneira que o cubano assistia aos discursos intermináveis de Fidel Castro, aprecia o turfe. Os britânicos têm até um cortejo de carruagens, do qual a Rainha participa, para dar início a um torneio de turfe. Aprecia também o futebol, tanto que as mais violentas torcidas do mundo são inglesas (Ué? Mas eles não apreciam o futebol?).
O estadunidense aprecia beisebol, basquete, vôlei, dentre outros. Aprecia também, mas com menos paixão, o futebol. Tanto que é um dos pouquíssimos esportes em que eles ainda não chegaram ao pódio mundial. Ainda não... O futebol só começou de verdade para eles quando Pelé jogou no New York Cosmos, por volta de 1976, 77. Estão chegando lá: já participaram de cinco copas depois disso. Serão campeões algum dia? Só o futuro nos dirá.

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O cidadão brasileiro aprecia que tipo de esporte? Qual lota as arquibancadas? Que desporto é transmitido pela televisão quatro vezes por semana? É só mesmo o futebol! Até que se apreciam alguns outros esportes coletivos, como o basquete e o vôlei, mas a paixão que o futebol provoca no brasileiro é digna de tese de pós-doutorado. Principalmente neste ano de 2009, em que quatro times chegaram à última rodada do Campeonato Brasileiro com chances de se sagrar campeão: Flamengo, Internacional, Palmeiras e São Paulo. Venceu o Flamengo, e o Palmeiras ficou em quinto...
É interessante essa paixão. Movimenta boa parte das conversas cotidianas dos homens brasileiros de todos os níveis socioeconômicos. O Presidente da República usa metáforas futebolísticas para decifrar seus pensamentos à população e quase transforma o país numa nação corintiana; Barrichello veste a camisa do seu time do coração, o mesmo do Presidente, antes de algumas corridas para dar sorte. Todos os grandes times têm torcedores pelo país todo. Há até a disputa para se saber qual a maior torcida do Brasil. Antes diziam ser a do Corinthians; hoje dizem ser a do Flamengo.

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HERÓIS OU MERCENÁRIOS INCOMPETENTES


É interessante essa paixão que faz um país parar para assistir a uma partida de sua seleção principal. Em época de Copa do Mundo, então, tornamo-nos exímios técnicos de futebol, ora elogiando o oficial, ora pedindo sua saída. Se o escrete consegue a taça, os jogadores se transformam em heróis da nação; senão, viram mercenários covardes e incompetentes.
Um dos pontos mais interessantes dessa paixão é a fidelidade que temos ao time do nosso coração. Já se ouviu falar de homens que trocaram de esposas, de emprego, de amigos, de cidade, de país, até de sexo alguns trocaram, mas nunca se ouviu falar de um cidadão que tenha trocado de time! Conhece algum ex-palmeirense, que se tornou corintiano? Algum recifense que torcia pelo Náutico e passou a torcer pelo Sport? Gremista que virou colorado? Mengo que virou pó de arroz? Impossível!


FIEL ATÉ O ÚLTIMO SUSPIRO

O time, a gente o escolhe de pequeno e se mantém fiel a ele até o último suspiro. Pode até acontecer de o nosso time se dar mal em determinado campeonato e, somente naquele torneio, passarmos a torcer para que outro time se torne o campeão. É o caso, por exemplo, de torcedores do glorioso Santos Futebol Clube, bicampeão brasileiro e mundial e várias vezes campeão paulista, passarem a desejar em 2009 que o Flamengo fosse o campeão para que seus rivais paulistas, Palmeiras e São Paulo, não o fossem. Não é uma troca, pois de time não se troca; é uma compensação ver os rivais mais próximos derrotados por um distante.
É. O Brasil é o país do futebol. É o país com o maior número de torcedores do mundo. É o país que mais exporta jogadores para a Europa; e agora também jogadoras. É o país cujos habitantes se sentem jogadores e técnicos ao mesmo tempo. É o país cujos habitantes se transformam em torcedores quando a Seleção enfrenta os inimigos (em futebol não há adversários; há inimigos) e convertem, como Nelson Rodrigues escreveu, "a pátria em calções e chuteiras dando rútilas botinadas em todas as direções".


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