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Abalroamento na traseira de um Ka

30 set 2009 às 16:07
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Era junho de 1999. Fiz a curva devagar, mas, como eu estava olhando para a direita, a fim de ver se ainda vinha algum carro, bati na traseira de um Ford Ka que havia parado em virtude de uma feira-livre. Os organizadores da feira colocaram um cavalete a uns dez metros da esquina, enquanto deveriam tê-lo colocado exatamente nela. Os que entravam à esquerda se deparavam com ele, freavam e tinham de voltar em marcha a ré para seguir outro caminho. Essa foi a causa de nossa pequena trombada. Não foi nada grave, mas amassou a traseira do Ka bastante. Descemos do carro, eu e o condutor do Ka, um sujeito gente fina que não queria esperar muito pelos policiais de trânsito e que me sugeriu que fôssemos diretamente ao Detran. Lá faríamos o boletim de ocorrência sem muitas delongas. Prontamente atendi sua sugestão, e para lá rumamos os dois a fim de registrar o acontecido e de podermos acionar as seguradoras devidamente.
Entramos numa sala em que havia quatro policiais envoltos em serviços burocráticos. Um deles nos atendeu, elogiando nosso procedimento, pois, segundo ele, assim desafogaria o trabalho dos agentes de trânsito, que poderiam atender a acidentes mais graves. Encaminhou-nos à sua mesa, acomodou-nos e pediu nossos documentos, que lhe entregamos de imediato. Aí começou o meu problema...

DOCUMENTO ERRADO; CNH VENCIDA

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O policial abriu o documento de meu automóvel e começou a preencher o BO, mas, intrigado, me perguntou:
- O Sr. não havia dito que estava dirigindo um Corsa?
- Sim, Sr.
- Mas este documento é de um Monza!
- É o do carro de minha esposa. Hoje de manhã peguei o documento errado. Ela, então, está com o do Corsa. Telefonarei a ela e lhe pedirei que traga o certo.
- OK. Vejamos, enquanto isso, sua habilitação... Mas ela está vencida há dois meses!
- Ops!
Neste momento os outros três policiais se levantaram para averiguar de perto o ocorrido, afinal não é todos os dias que alguém vai até o Detran para se entregar da maneira como o fiz: com o carro batido, os documentos de outro automóvel e com a carteira de motorista vencida! E o condutor do Ka, que queria agilizar o processo indo até o Detran, começou a desconfiar que não iria ter o desfecho tão rápido quanto imaginara...
O policial, com os meus documentos em mãos, ficou a pensar o que fazer comigo. Refletiu por uns instantes e me disse:
- Peguem seus documentos e retirem-se. Resolvam esse problema do acidente com a seguradora de vocês sem a nossa intervenção. Farei de conta que não estiveram aqui, mas o Sr. terá de chamar alguém para retirar seu carro, com o devido documento, senão será multado. E alguém terá de assumir a responsabilidade do acidente, por sua carteira estar vencida. Caso contrário, terá suspenso o direito de dirigir.

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RESPONSABILIDADE

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Saímos da sala ouvindo as risadas dos policiais às nossas costas enquanto eu telefonava para Teté, minha esposa, e lhe contava o que havia acontecido. Ela levou os documentos, assumiu a responsabilidade pelo acidente e acionou a seguradora. Muito tempo depois do planejado, o condutor do Ka pôde ir embora, arrependendo-se de ter feito aquela curva e, por isso, ter-se encontrado com alguém tão desastrado que o fizera perder aquele tempo enorme, pois o meu problema transformou-se também num problema dele, já que, se tivéssemos chamado os agentes de trânsito no local do acidente, ele teria sido liberado imediatamente, e eu teria que resolver o meu problema sem a necessidade de sua presença, mas, como tudo aquilo ocorrera, ele teve de esperar que a minha seguradora o liberasse, o que demorou muito tempo.


MORAL DA HISTÓRIA

Uma das lições que podemos tirar desse episódio é a atenção que temos de ter com nós mesmos. No dia a dia, ficamos tão absortos com as ‘coisas’ que, muitas vezes, nos esquecemos de averiguar nossas próprias responsabilidades. Isso nos leva a ter problemas, que precisamos resolver sempre às pressas. É o conhecido jeito brasileiro de deixar tudo para a última hora, o que provoca o aumento do estresse.
Nós somos mais importantes que as coisas que se sucedem em nossa vida. É preciso, então, focar a atenção para o próprio interior buscando o aquietamento da mente e preocupando-se mais consigo próprio do que com os acontecimentos ao redor. Isso nos traz mais tranquilidade até para resolver os problemas externos a nós.
Aprendi com o ocorrido: neste ano, novamente minha CNH ‘venceu’. Um mês antes, eu já a tinha renovado. Menos estresse, mais responsabilidade.


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