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Motor de polpa

13 abr 2010 às 16:08
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MOTOR DE POLPA.

Um amigo, dos idos da década de 1970 do século passado - época em que me chamavam de "Macarrão", de tão magro que eu era - inconformado com o sem-número de erros de Português cometidos por parte significativa da população e com a má vontade com a qual é tratado por muitos cidadãos quando utiliza o nosso idioma dentro das normas, resolveu pregar uma peça em nós, ou seja, resolveu preparar uma artimanha por brincadeira. Artimanha é um procedimento para levar alguém ao engano.
Pois bem, no dia primeiro de abril, dia da mentira, ele fez publicar, nesta Folha, um anúncio na página de classificados, que trazia o seguinte teor:
"Motor de polpa. Compro, conforme anunciado. Para fábrica de sucos. Ou troca-se por painel de fotos de tigres africanos. Tratar com Miguel. Tel. 3333-0104".

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DANDO UM ‘MIGUÉ’.

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Terra sem cultivo não produz; tampouco a mente.

Disse-me ele que fez isso porque em certa ocasião leu num classificado um anúncio de venda de um motor de popa, mas lá estava escrito "polpa". Disso ele tirou a ideia de escrever o anúncio falso. Miguel é o seu eu-poético; foi o "Migué" que ele passou nos leitores incautos. E a troca sugerida? "fotos de tigres africanos". Ele, bastante inteligente e com uma cultura avantajada, sabe não existirem tigres na África. Foi outro "Migué" dele. E o telefone? 0104: primeiro de abril. Quantos perceberam a pegadinha? Jamais saberemos.
Sabemos, porém, que vivemos num país onde o preparo intelectual de seus cidadãos não é a prioridade de governo algum. A Educação é mero objeto de propaganda eleitoral. Em época de eleições, a Educação se transforma no maior lema de todos os candidatos, seja do legislativo, seja do executivo. Neste ano certamente teremos a volta do tema durante as propagandas eleitorais e os debates entre os pretendentes a mandantes dos Estados e do País. Todos prometendo conceber a Educação mais primorosa de todos os tempos. Educação de Primeiro Mundo.

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NÃO TER CONHECIMENTO SUFICIENTE.

Enquanto isso, o grosso da população continuará em sua ignorância habitual. Não uso a palavra ignorância em sentido pejorativo, com o significado de "incivilidade, grosseria", mas sim no sentido de não ter conhecimento suficiente, não ter cultura avantajada, ou por não ter estudado o bastante ou, mesmo tendo frequentado a escola, por não ter adquirido a experiência ou a prática necessária.
Todos percebem isso por meio da Língua Portuguesa: quem frequentou a escola até a oitava série do Ensino Fundamental, aprendeu todas as regras de acentuação. Você, que me lê agora, muito provavelmente as tenha estudado mais de uma vez. Pergunto-lhe, portanto: quais são as regras das paroxítonas? Os que responderam a essa pergunta ‘de pronto’ ou são professores de Português ou estudantes de algum curso que tenha aulas de Gramática. É isso que quero dizer com ignorância: se não usamos, esquecemos rapidamente. Nada me pergunte de Geografia; ignoro a sua teoria porque não a uso no dia a dia. Sou ignorante quanto a esse assunto.

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NÃO QUEREMOS CRÍTICAS; QUEREMOS SOLUÇÃO!

Mas agora você me diz "Tudo bem, Dílson Catarino, disso tudo já estamos cansados de saber. Não queremos críticas; queremos solução!"
Concordo plenamente com quem pensa assim. Quem só critica, pensa pouco, pois só diz o que vê. Há de se refletir sobre o problema para se buscarem soluções. Eu sou um zé-ninguém para propor soluções aos governos, porque estou muito distante deles. Acho, então, que parte da solução está em nós mesmos.
Se cada um de nós, pessoas de boa vontade, se preocupar com seu próprio desenvolvimento e buscar sistematicamente a sabedoria, já haverá uma grande melhora em nosso meio. Agora, se, além de nos preocuparmos com o nosso crescimento, preocuparmo-nos também com o desenvolvimento daqueles que estão ao nosso redor, talvez consigamos uma minirrevolução em nosso micromundo, que é a nossa comunidade.

CORRENTE DO BEM.

Imagine médicos, cirurgiões-dentistas, engenheiros, advogados, administradores, empresários, comerciantes, executivos, todos, enfim, empenhando-se para que as pessoas que consigo trabalhem aprendam um pouco mais além do trivial: estimulá-los a aprender a Nova Ortografia, a ler livros edificantes, a estudar uma língua estrangeira, a fazer um curso enriquecedor, a, enfim, ser uma pessoa melhor.
Quem sabe não construamos uma ‘corrente do bem’, cujo interesse maior seja estimular alguém a se melhorar.
Que você acha disso? Está disposto a fazer uso de um pouquinho de seu tempo para ajudar alguém a evoluir? Está disposto a sair de sua zona de conforto para ver a comunidade melhorar? Se sim, seja bem-vindo a um mundo melhor!


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