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O MUNDO EM CONSTANTE MUDANÇA.

14 mar 2010 às 15:57
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O MUNDO EM CONSTANTE MUDANÇA.


Na adolescência, escrevia cartas a alguns amigos. Frequentava a agência de correio do centro da cidade para postá-las e para conferir se havia chegado alguma. Eu me correspondia com vários amigos: Bernardo, Anselmo, Peter, Ciro.
Dificilmente conversava por telefone com eles; o interurbano era muito caro, e a qualidade das ligações era péssima, principalmente as de longa distância. As notícias vinham pelas cartas mesmo. Ficava esperando ansiosamente que elas chegassem. Era uma emoção indescritível ler aquelas linhas dos amigos. Cada carta era apreciada com muita atenção e deleite.
As reflexões que fazíamos sobre a vida eram dignas de um tratado de filosofia; escrevíamos acerca de nossos relacionamentos, angústias, anseios, medos, saudades, esperanças. Coisas que raramente dizíamos pessoalmente. Às vezes eram longas cartas: três ou quatro folhas. Elas nos tornavam filósofos; talvez por estarmos sozinhos ao escrevê-las. Eram uma espécie de ‘cartas a si próprio’, nas quais ocorria uma catarse, em que se expurgavam os sentimentos reprimidos e as emoções. Uma verdadeira análise psicológica sem psicólogo.

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SENSAÇÃO DE SOLTURA.

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A cada carta enviada, sobrevinha uma espécie de felicidade, um bem-estar advindo do nada, uma sensação de soltura, de desembaraço, de leveza mesmo! Ficava a rir-me, andando pelas ruas do centro de Londrina, imaginando a reação que eles teriam ao ler o que eu escrevera.
Agora eu percebo que eram pensamentos contemplativos; percebo que era uma busca à compreensão de mim mesmo e da realidade na qual estava inserido. Se tivesse percebido isso àquela época, ter-me-ia transformado em filósofo já na adolescência. Mas não o percebi. Continuei mergulhado na ignorância filosófica por décadas.
Agora, imagino como se relacionam os jovens atuais com seus amigos distantes. Há distância entre eles? Talvez a única seja a física, pois com a alta tecnologia vigente, entra-se em contato com qualquer ser humano, em qualquer parte do planeta, instantaneamente: e-mail, MSN, Orkut, facebook, twitter, frases, fotos e vídeos pelo celular, youtube, skype, etc.

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HÁ ESPAÇO PARA AS REFLEXÕES?


Há tempo para meditar? Para pensar longamente a respeito de sentimentos e emoções? Qual a importância do filosofar neste mundo em constante mudança?
O tempo, hoje, tem outra extensão, tem outra duração. Antigamente esperávamos completar uma ligação telefônica, por meio da telefonista, por longos minutos, pacientemente; hoje, se o computador demorar mais de trinta segundos para abrir a página que interessa ao internauta, já se perderá a paciência.
Há também uma necessidade descabida de estar em contato constante, de se sintonizar com o outro o tempo todo, esteja onde estiver: no cinema, na sala de aula, em seu quarto em plena madrugada. Ficar sem o celular, seja por minutos, é apavorante. Como os velhos conseguiram viver sem essa tecnologia? – perguntam os jovens.


VC TB, EH? NAUM?

As mensagens escritas, porém, têm de ser curtas. Não é de bom-tom escrever longos textos ao interlocutor. Tem de ser tudo cifrado: "Vc tb, eh? Naum?". Também, são tantos os contatos, tantas as mensagens recebidas. Por outro lado, são tão superficiais. A alta tecnologia nos aproximou de tal maneira, que nunca estivemos tão distantes uns dos outros.
Não há mais tempo para o pensamento, para a contemplação. Todos têm muita pressa. Não nos interessam mais os antigos costumes, como o de sentar-se numa roda de amigos e conversar longamente ou ir a um restaurante e conversar com a pessoa à nossa frente. Sempre há um celular tocando, uma mensagem chegando, uma foto sendo tirada...
Somos mais felizes? Completamo-nos com os aparelhos tecnológicos? Acredito que não. Acredito que precisemos resgatar os antigos valores e filosofar mais sobre a vida, como os antigos faziam, e conversar mais com os amigos. Assim, talvez, tenhamos mais tempo para nós mesmos, sintamo-nos mais humanos e tenhamos menos necessidade de nos manter plugados uns aos outros o tempo todo. Talvez assim cheguemos mais próximos da felicidade...


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