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Variação Linguística - Parte II

12 jun 2009 às 11:47
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O conhecimento das diversas maneiras de falar do país — a variação linguística — auxilia no desenvolvimento da aprendizagem. Pais e professores devem manter-se atentos à evolução da aprendizagem dos educandos para que isso ocorra a contento. Quanto mais se entra em contato com diversas culturas, mais facilidade há para aprender o que é ensinado em sala de aula. O mesmo pode-se dizer dos adultos, pois a aprendizagem não termina jamais.

Muito se fala que as viagens representam mais que mil aulas de Geografia, pois o conhecimento não é transmitido, mas vivido por si só. Conversar com os habitantes do local visitado é conhecer sua linguagem, seus costumes, seu modo de viver. É enriquecer sua cultura. Conhecer a variação linguística diatópica (o modo de falar de acordo com o local em que o cidadão vive) — objeto da coluna anterior — é, portanto, tornar-se mais culto.

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Variação diastrática

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Outra variação bastante evidente é a que corresponde à camada social da qual o indivíduo faça parte. O falar de um cidadão é subordinado ao nível socioeconômico e cultural dele. Quanto mais estudo tiver, mais bem trabalhadas serão suas frases. Quanto mais livros ler, mais cultura terá. Quanto mais exemplos tiver de seus pais e professores, mais facilmente se comunicará com os demais.

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Essa variação é facilmente identificada. Basta conversar com um cidadão humilde, com poucos anos de estudos, que já perceberá uma linguagem diferente da habitual de outras classes sociais. Frases como "Naonde a gente podemos ponhar esse troço aqui?" ou "Houveram menas percas" não são ouvidas em um ambiente em que estejam professores, médicos, cientistas, advogados. São frases comuns a quem não teve oportunidades para ascender a estratos sociais mais privilegiados.


A essa variação, que corresponde ao estrato social, à camada social e cultural do indivíduo, dá-se o nome de variação diastrática.
A variação diastrática, como também ocorre com a diatópica, pode ser de som, de vocabulário ou de estrutura, dependendo do que seja modificado pelo falar do indivíduo: falar "adevogado", "pineu", "bicicreta", é variação diastrática de som. Usar "presunto" no lugar de "corpo de pessoa assassinada" é variação diastrática de vocabulário. E falar "Houveram menas percas" no lugar de "Houve menos perdas" é variação diastrática de estrutura.

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Variação diafásica


A última variação, não menos importante que as anteriores, é a que corresponde à licença que cada um de nós tem para falar e escrever o que bem entender da maneira que quiser. É a que permite um cidadão extremamente culto usar informalmente a expressão "Eu encontrei ele" no lugar de "Eu o encontrei". É a linguagem informal, solta, às vezes até desleixada.

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Principalmente o jovem tem o hábito de usar essa variação. É bastante comum ouvirmos um "veio", com o e aberto, numa conversa entre adolescentes ou um "mano" na alta sociedade. É comum também essa variação na linguagem caseira, em que pai, mãe e filhos não estão preocupados com a comunicação dentro da norma padrão, ou na linguagem descontraída de uma roda de amigos.


Outra modalidade desta variação ocorre na Literatura, na qual o autor de poesias, contos, romances, novelas, etc. tem a liberdade de cometer deslizes, de inventar palavras, de recriar estruturas sintáticas, enfim, tem liberdade para aplicar seu estilo em seus escritos. Isso tem até nome: licença poética ou liberdade poética.

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A essa variação, que corresponde à liberdade de expressão, dá-se o nome de variação diafásica.


A variação diafásica, como ocorreu com a diatópica e com a diastrática, pode ser também de som, de vocabulário ou de estrutura, dependendo da liberdade de que o indivíduo se tenha apossado. Dizer "veio", com o e aberto, não porque more em determinado lugar nem porque todos de sua camada social usem, é usar a variação diafásica de som. Um padre, em um momento de descontração, brincando com alguém, dizer "presunto" para representar o "corpo de pessoa assassinada", é usar a variação diafásica de vocabulário. E, finalmente, um advogado dizer "Encontrei ele", também num momento de descontração, no lugar de "Encontrei-o" é usar a variação diafásica de estrutura.


Língua dinâmica

A Língua, portanto, não é cristalizada; é dinâmica. Quem manda na Língua é o povo. Nós, gramáticos, não temos de corrigir os erros dos demais, mas, sim, levar a população a querer se comunicar mais adequadamente. O que nos faz chegar a isso é a curiosidade. Quanto mais curioso o indivíduo for, mais pesquisará, mais aprenderá.


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