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A Crise do "Mesalão"

20 jul 2005 às 11:00
Logo do programa "Fome Zero" - Reprodução
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Des de os tempos dos pomposos jantares na casa da Dinda, que a imprensa brasileira não se deliciava tanto com um escândalo público, como tem feito com a atual crise do governo.
São malas, denuncias, revelações bombásticas, mais malas; nada parece aplacar o apetite voraz dos que, aparentemente, desejam colocar tudo em pratos limpos.
Grande ironia, justo o partido eleito sob a bandeira do "Fome Zero" acabar, assim, desossado pelo canibalismo de um aliado, ou melhor, ex-aliado, e, que sempre vale lembrar, ex-gordo também.
Não é de hoje que a corrupção é prato do dia na política brasileira, mas apesar de seguir receita antiga, anotada no caderninho da vovó, ainda é uma boa pedida, pelo menos para aqueles que gostam de uma bela pizza.
Picantes ou amargas, essas crises no poder são muito comuns no Brasil, e também muito parecidas com um tipo de comida, igualmente intragável, a dos fast food, que aparentam ser maiores do que realmente são, duram pouco, são caras e fazem um belo estrago no estômago.
Mas para quem já anda farto de toda essa marmelada na política, eu gostaria de atentar para uma outra crise nacional, essa bem mais indigesta, a crise do sistema alimentar brasileiro.
Calma, não se trata de nenhuma outra maracutaia esquecida da administração Maluf, é na verdade um problema presente nas mesas da maioria da população, seja ela de esquerda, direita, centro ou do PMDB.
O brasileiro que já foi adepto de uma dieta balanceada e rica em nutrientes, anda corrompido pela comodidade nociva dos alimentos industrializados, e pode acabar vitima da própria boca, exatamente como ocorre com a maioria dos políticos "grampeados".
Segundo pesquisas recentes, nunca tivemos tantos adolescentes obesos e ao mesmo tempo subnutridos, como agora. Embora isso seja, em parte, conseqüência de um fenômeno global e proveniente de fatores diversos, no Brasil essa queda na qualidade do cardápio da população também foi agravada por algumas facilidades conquistadas no plano real.
Ou seja, enquanto o então presidente e também candidato, Fernando Henrique Cardoso, peregrinava pelo sertão nordestino, montado num jegue, saboreando a nutritiva e eleitoreira buxada de bode, o brasileiro médio mudava seus hábitos alimentares, não necessariamente para melhor.
Maniqueísmos a parte, nesse tipo de situação, é claro, não se pode culpar este ou aquele governo, por causar défcit na balança nutricional. Contudo, não só pode, como se deve cobrar uma política nacional de alimentação, que prime por valores nacionais e nutricionais. O que conseqüentemente irá privilegiar não só a saúde, como também a indústria e agricultura brasileiras.
O famigerado, supracitado e polêmico "Fome Zero", até prevê essa "política nacional de segurança alimentar", difícil é engolir que ela será colocada em prática. Num país, onde a ingerência é a regra, o que sobra é o dissabor de saber que essa importante medida, dificilmente se tornará exceção.
Para os mais ufanistas resta ainda o consolo de ver, que nem mesmo os franceses, que se orgulham de ter a melhor gastronomia e um dos melhores sistemas políticos do mundo, escapam do destempero de seus líderes políticos.
Basta lembrar do recente episódio protagonizado, pelo presidente francês, Jac Chirac. Ele quase causou um incidente diplomático ao fazer comentários jocosos sobre a qualidade da culinária britânica. Tudo isso em meio à disputa entre Londres e Paris para sediar as olimpíadas de 2012.
Curioso que além de provar o sabor da vitória na disputa pelas olimpíadas, os britânicos ainda podem degustar a melhor comida do mundo sem ir muito longe, já que, segundo o francês Guide Michellin, o melhor restaurante do planeta, atualmente se encontra nos arredores de Londres.
É, independente da nacionalidade do cardápio, quando o assunto é política, parece que a população sempre engole alguns sapos. E enquanto eles (os políticos) cozinham as crises em banho-maria, nós estamos cada vez mais fritos.


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