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The fast, the ugly and the bad food

20 abr 2005 às 11:00
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Há quem diga que o fast food surgiu na China, ainda muito tempo antes da invenção do delivery ou do sachê de ketchup. Se por um lado, essa origem não pode ser provada, por outro, não se pode negar que com o advento do capitalismo, o fast food se tornou um dos maiores fenômenos da história da alimentação, e originou um grande negócio, ou melhor, um "negócio da China".
Independente de onde tenha vindo, o fast food está presente, hoje, em vários países, e em muitos deles já faz parte da cultura gastronômica local. Contudo ele ainda está longe de ser uma unanimidade e enfrenta inimigos de peso.
Alguns movimentos como o "Slow food" do chef italiano Carlo Petrini, acusam o fast food, sobretudo as grandes redes do gênero, de uniformizar os paladares ao redor do Mundo. Isto é, de criar um padrão de consumo, servindo os mesmos pratos em todas as suas lojas, estejam elas em Xangai, NY, Paris ou SP.
Essa homogeneização do consumidor, característica comum a qualquer multinacional que atue no mercado globalizado, é vista como uma ameaça a alguns elementos das culturas regionais. No caso da alimentação, a massificação promovida pelo fast food seria responsável pela perda de tradições culinárias da cultura local e por um retrocesso no seu desenvolvimento gastronômico.
Além disso, assustados com os altos índices de obesidade e de outras doenças (como hipertensão e problemas cardiovasculares, que atingem um número cada vez maior de pessoas, sobretudo crianças), governos de países desenvolvidos têm, sistematicamente, julgado favorável aos consumidores, casos de pedidos de indenização por danos a saúde, causados pelo consumo de fast food. É a mesma estratégia utilizada contra a indústria do tabaco, grande vilã das relações de consumo nos últimos tempos.
A ameaça de um revés é tão séria, que mesmo mantendo os lucros e o crescimento, o tradicional fast food começa a ser revisto e já passa por algumas mudanças. As grandes multinacionais do setor, presentes no Mundo todo, apostam numa reformulação do cardápio para se adaptar à moda do "estilo de vida saudável". Além disso, tentam melhorar a imagem, adotando o conceito de empresa socialmente responsável, preocupada com o bem estar do consumidor.
Já os fast food locais buscam na diversificação e na segmentação do mercado uma forma de sentar a mesa desse banquete e garantir sua fatia do mercado. Adaptaram o conceito e já oferecem pratos de todos os tipos em versão fast. Comida árabe, japonesa, italiana, chinesa e até light, figuram nos cardápios de alguns desses restaurantes que propõem uma suposta valorização de certas culinárias tradicionais, e se posicionam como opção para aqueles consumidores que costumam torcer o nariz para os famigerados hambúrgueres, fritas, refrigerantes...etc.
Incluído neste último grupo de consumidores, ou seja, público alvo desse nicho de mercado, recentemente fui atingido em cheio, bem no estômago. Estava, na hora do almoço, em um grande shopping, e acabei caindo na tentação das "irresistíveis" estratégias de marketing.
Depois de duas voltas na praça de alimentação, sendo abordado por moças de gravata, boné e cardápios em punho, finalmente escolhi comida italiana. Me dirigi a uma espécie de "Mc cantina" e em menos de 10 minutos estava saboreando um penne ao funghi, acompanhado de alcatra ao molho madeira e salada caesar.
Quando terminei meu prato a sensação era de arrependimento, não pelas calorias que tinha acabado de ingerir, mas por não ter escolhido o hambúrguer, fritas, refrigerante...etc. Pois nesse caso eu já saberia, antecipadamente, que não ficaria satisfeito e não teria me iludido com o prato bonito e bem arranjado, a roupinha de "tarantela" da atendente ou o ralador elétrico de queijo, que contribuíram para eu criar a expectativa de que comeria bem.
Acredito que o grande problema do fast food não está no cardápio, ou seja, no conteúdo. Embora reconheça fundamentos nas críticas normalmente dirigidas a eles, não fiquei decepcionado por estar comendo um prato sem identidade cultural ou de baixo valor nutritivo. Fiquei frustrado porque a comida era ruim, estava fria e nem sequer foi me dado o direito de escolher a carne mal passada.
Esse desrespeito é parte da lógica do negócio: opções reduzidas, promoções, vendas casadas...etc. São todas formas de estimular e direcionar o consumo, para garantir o escoamento da produção, diminuindo assim as perdas, e aumentando os lucros.
O formato do fast food se baseia, justamente, nas restrições aos direitos do consumidor. Em países como o Brasil, onde a cidadania ainda está em processo de formação, a influência do fast food pode ser nociva, não só a saúde da população ou as tradições culinárias, mas principalmente ao desenvolvimento das relações de consumo.
O risco de se ter futuras gerações de consumidores alheios aos seus direitos é tão preocupante quanto a previsão de uma população obesa e gastronomicamente alienada. Consumidores conscientes costumam exigir mais, melhorando assim a qualidade dos produtos e dos serviços oferecidos, e se o objeto dessa relação de consumo for a gastronomia, a receita para torná-la mais saborosa é a mesma. Portanto, não engula qualquer coisa, pois quanto mais exigente for seu paladar mais se fará por ele.

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"Slow" – Revista publicada pelo Slow food", movimento criado na Itália em 1986, como resposta a cultura dos fast food. Liderado pelo chef italiano Carlo Petrini, o movimento conta com membros em mais de 60 países ao redor do Mundo, e, prega o prazer à mesa, as refeições lentas e o resgate da cultura gastronômica regional. Petrini também é fundador da Universidade de Ciência Gastronômica e do Terra Madre (movimento pela valorização dos produtos da terra e da agricultura regional).

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Super size Me - Documentário dirigido pelo cineasta americano Morgan Spurlock. Durante um mês Morgan alimentou-se, exclusivamente com produtos da rede McDonald’s, aceitando todas as porções extras que lhe eram oferecidas. Resultado: engordou 12 quilos, viu suas taxas de colesterol dispararem e a qualidade de vida cair.

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Receita


Encerrando essa discussão toda, nada mais propício do que uma receita que junte: o tradicional da culinária italiana, a valorização dos ingredientes regionais e um clássico dos fast food. Porque no fim tudo acaba mesmo em pizza.

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Pizza "Romeu e Julieta"
Ingredientes:
Massa
2 e 1/2 xícaras (chá) de farinha de trigo
2 colheres (sopa) de azeite de oliva
1 xícara (chá) de água morna
1 e 1/2 colher (sopa) fermento biológico


Recheio
200g de requeijão cremoso
500g de goiabas vermelhas maduras
300g de açúcar
1 colher (café) de canela em pó

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Preparo:
Massa
Coloque a farinha de trigo em uma tigela e misture o azeite. Dissolva o fermento na água morna e incorpore à farinha, misturando bem. Depois trabalhe com as mãos, até obter uma massa um pouco pegajosa.
Forme uma bola com a massa, cubra e deixe repousar em lugar quente por 30 minutos até crescer. Trabalhe um pouco a massa com as mãos, levemente enfarinhadas, e forme uma bola. Divida-a ao meio e amasse ligeiramente cada metade, obtendo dois círculos espessos.


Recheio
Descasque e corte as goiabas em pedaços pequenos, se preferir retire as sementes. Leve ao fogo com o açúcar, mexendo sempre com uma colher de pau. Quando estiver em ponto de calda, acrescente a canela. Continue mexendo em fogo brando por mais alguns minutos, até engrossar.

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Montagem
Abra a massa com um rolo e coloque numa forma própria para pizza, levemente untada e enfarinhada. Espalhe o requeijão com uma espátula e por cima o doce de goiabas. Asse em forno médio (180 graus) até a massa começar a dourar nas bordas.


Dicas


Caso não encontre as goiabas, você pode substituí-las por 300g de goiabada cascão. Neste caso, pique a goiabada em pedaços pequenos, adicione um pouco de água e leve ao fogo brando em banho-maria para derreter.

Se preferir uma pizza de massa mais fina, divida a massa em três ou mais partes iguais e use uma forma de mesmo diâmetro, só não esqueça de diminuir também o tempo de forno para ela não queimar.


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