Os resultados do IPCA-15 referentes ao mês de julho divulgados pelo IBGE mostraram aceleração da inflação. O indicador subiu para 0,93% em julho contra 0,56% apurado em junho.
A inflação ficou acima da nossa expectativa e no topo das do mercado, que em média estavam em 0,85%, mas oscilavam entre 0,80% e 0,95%. No ano, o índice acumula alta de 4,30% e de 6,53% em 12 meses.
Com esse resultado, revisamos preliminarmente nossa projeção do IPCA de julho, que estava em 0,95%, para 1,05%.
Os itens que pressionaram o IPCA-15 em junho mantiveram-se em julho, mês que contou ainda com a pressão do reajuste da gasolina e do diesel, energia elétrica e telefonia fixa.
O grupo transportes passou de uma inflação de 0,87% para 1,73%. As outras pressões vieram: (i) do Grupo Alimentos e Bebidas: com alta de 0,91% ante 0,55% no período anterior; (ii) Vestuário: repetindo a alta de 1,1% do mês anterior e (iii) do álcool combustível, que passou de 5,20% para 7,11% em virtude da valorização da cana-de-açúcar.
IPCA-15 versus IPCA
O IPCA-15 passou de +0,54% em maio e +0,56% em junho para +0,93% em julho. Já o IPCA tem apresentado evolução mais gradativa, com a inflação subindo de +0,51% em maio para +0,71% em junho.
Como o reajuste da gasolina e do diesel se deu em meados de junho, o IPCA-15 de julho captou toda essa alta, uma vez que seu período de coleta vai da segunda quinzena do mês anterior até a primeira quinzena do mês de referência. Nesse sentido, a magnitude desse impacto no IPCA de julho deverá ser menor, uma vez que o indicador anterior já pegou uma parcela do reajuste dos combustíveis, dado o seu período de coleta.
Conforme avaliamos no Global Briefing "IPCA: pressões de alta seguirão em julho", ao mesmo tempo que a pressão dos combustíveis deve ser menor no IPCA em julho, outros fatores de pressão altista se farão presentes, como os reajustes de telefonia e energia e a manutenção da inflação em alimentos e vestuário, tendo em vista o clima ruim.
JUROS:
Nesse contexto, reiteramos nossa expectativa de manutenção da taxa Selic em 16% ao ano, pelo menos até agosto. O efeito da manutenção do preço do petróleo acima do preço de reajuste da Petrobrás (US$ 36 por barril), assim como a continuidade da deterioração das expectativas de inflação dos agentes podem, no entanto, prolongar esse prazo.
Sílvia Domit
Global Invest