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Mesmo com IPCA "favorável" juros não caem...

15 mar 2004 às 11:00
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A inflação medida pelo IPCA, indicador utilizado no sistema de metas de inflação para balizar as decisões de política monetária do Banco Central, caiu de 0,76% em janeiro para 0,61% em fevereiro. Em fevereiro de 2003, o índice havia sido de 1,57%. No indicador acumulado dos últimos 12 meses a variação foi de 6,69%, menos que a metade do valor registrado em fevereiro do ano passado (15,85%).
O resultado ficou abaixo das nossas expectativas, que apontavam para uma variação em torno de 0,70%. A redução do IPCA em fevereiro ficou por conta do arrefecimento das taxas dos grupos alimentação, habitação e transportes, que foram os mesmos que motivaram a alta em janeiro. Ou seja, comprovou-se nossa tese de que era pontual o aumento do IPCA ocorrido em dezembro, em janeiro e em fevereiro. Portanto, mais uma vez, a preocupação com a inflação por parte do COPOM declarada na Ata alarmista de janeiro se confirma como incabível.
Como esperado, o grupo educação subiu em fevereiro. O índice passou de 0,68% em janeiro para 6,7%. Essa alta foi motivada pelos reajustes de mensalidades e materiais escolares. No entanto, esse movimento de alta se esvaziará já em março, como ocorreu no IPC FIPE.

NÚCLEO DA INFLAÇÃO:
O núcleo do IPCA, calculado a partir do critério de médias aparadas com suavização, apurou queda significativa em fevereiro. O indicador passou de 0,73% para 0,48%. Em termos anualizados, o núcleo despencou de 9,09% para 5,91%, voltando a ficar próximo do centro da meta de inflação determinada em 5,5% para 2004.

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EXPECTATIVAS PARA O IPCA DE MARÇO E ABRIL:Com a ausência de fatores sazonais que pressionem a inflação para cima como ocorreu em dezembro, janeiro e fevereiro, além do esvaziamento dos reajustes de preços administrados, nosso cenário aponta para uma taxa de variação do IPCA em torno de 0,4% para o mês de março e de 0,3% em abril.

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EXPECTATIVAS PARA O COPOM:
Nossa expectativa para a decisão do COPOM acerca da taxa Selic, que ocorrerá na reunião do dia 17/mar, é de que haja manutenção na taxa de juros em 16,5% ao ano.
Mesmo com o resultado do IPCA ter sido melhor que o esperado pelo mercado - pois ficou abaixo do piso previsto de 0,65% - é praticamente nula a chance de haver redução dos juros nas reuniões que ocorrerão nas próximas terça e quarta-feira.
Nossa expectativa se apóia em dois pontos selecionados da última Ata: i) o único indicador a balizar as decisões de política monetária é o IPCA e este, apesar da queda, permaneceu em patamar elevado; ii) nos parágrafos 25 e 26 é citado que "o cumprimento da meta de 5,5% em 2004 requererá maior cautela que o anteriormente previsto" e "com a retomada da economia há uma possibilidade concreta de que a inflação volte a se desviar da trajetória de metas, o que requer cautela adicional na condução da política monetária".
Há ainda outros fatores que sustentam a manutenção dos juros: i) aumento dos preços dos insumos industriais apresentado nos IPAs (M e DI); ii) as declarações do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, de que nem todo o efeito da queda de 10 pontos percentuais nos juros em 2003 tenha sido absorvido, fato esse que também foi abordado na última Ata.
Vale ressaltar que, conforme o tempo passa e os juros não caem, as expectativas futuras de investimentos e crescimento da economia se deterioram, pois, sabe-se que os efeitos da decisão de política monetária levam algum tempo para serem absorvidos pela economia – como afirmou o próprio Meirelles –, portanto, daqui a pouco qualquer redução dos juros terá efeito somente em 2005. Nossa expectativa de crescimento do PIB para este ano, que estava em 4,1% em janeiro, já foi revisada duas vezes, caindo para 3,7% em fevereiro e para 3,4% em março.
Por fim, com essa exagerada cautela o COPOM continua direcionando os investimentos do setor produtivo para o setor financeiro, pois os juros reais projetados para os próximos 12 meses continuam a crescer: jan/04 = 9,95%, fev/94 = 10,23% e mar/04 = 10,28%.

Créditos: Alexsandro Agostini Barbosa, economista da Global Invest


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