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A dois passos da grande banda

28 jan 2005 às 11:00
Bidê Ou Balde ao vivo: terceiro álbum tem teor mais roqueiro - Reprodução
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O Bidê Ou Balde poderia ser uma banda genial. Eles só se apresentam de terno e gravata, e uniforme nunca fez mal ao rock – vide a primeira fase dos Beatles e as roupas vermelhas do White Stripes. Eles têm um caminhão de influências saudáveis: Blur, Beatles, Pavement, Strokes, Supergrass, B-52’s, Weezer. Já provaram que conseguem compor canções de qualidade, como a ótima "E Por que Não?". E, ao contrário de conterrâneos como Video Hits e Graforréia Xilarmônica, souberam seguir carreira depois que os outros Estados da Federação que não eram o Rio Grande do Sul lhe negaram o sucesso que a falecida Bizz havia prometido.

Pena que os defeitos da banda sejam imensos. O Bidê Ou Balde meio que vendeu nacionalmente o conceito da nova leva do rock gaúcho, com letras debilóides ou pseudo-apaixonadas, entrevistas com ironia vazia, pop energético, mas banal e refém das próprias influências. Coisa muito pior venceu nas rádios nos últimos anos (Pitty, Detonautas, Tihuana), mas, pelo que apresentou nos álbuns "Se Sexo É o Que Importa, Só o Rock é Sobre Amor!" (2000) e "Outubro Ou Nada!" (2002), a banda do insano vocalista Carlinhos também não mereceu a onda com a qual foi recebida pela imprensa.

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"É Preciso Dar Vazão aos Sentimentos!", terceiro álbum do Bidê Ou Balde, lançado no final do ano passado, adiciona estalos às fagulhas de genialidade do grupo. É o álbum menos irregular da breve carreira da banda e menos dependente das macaqueações de Weezer, Blitz e B-52’s que caracterizaram os dois primeiros discos. A abertura, com a faixa-título, deixa evidente o teor mais roqueiro do repertório, com riff à Hellacopters e refrão vibrante.

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Mesmo nas faixas mais próximas do padrão Bidê Ou Balde, como "Mais Um Dia Sem Ninguém", "Não Seja Assim" e a divertida "O Que Acontece no Escuro", as guitarras apitam com mais vontade. E o padrão de qualidade das composições, diga-se, atingiu novo patamar.

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A melhor canção do álbum é "Mesmo Que Mude", com levada inspirada nos Strokes e letra brilhante sobre relacionamentos: "ela vai mudar/ vai gostar de coisas que ele nunca imaginou/ vai ficar feliz de ver que ele também mudou/ pelo jeito não descarta uma nova paixão/ mas espera que ele ligue qualquer hora/ só pra conversar/ e perguntar se é tarde pra ligar/ dizer que pensou nela/ estava com saudade/ mesmo sem ter esquecido que passou". Sem ironia, sem exageros, tudo na sutileza. É a melhor música que o Bidê Ou Balde já escreveu, e uma das melhores da história recente do rock nacional.


Mas "É Preciso Dar Vazão aos Sentimentos!" tem um tanto de obviedade, como a versão de "Hoje", do Camisa de Vênus, com previsível participação de Marcelo Nova, e muito da banda de outrora: "Vamos Para Cachoeira", "Exijo Respeito!" e o besteirol que ainda perdura diminuem a média final do álbum. Que fecha de modo inusitado, com a psicodélica e arrastada "PS: Calma!", surpreendente, mas incoerente com o resto do disco.

No fim das contas, cheira a álbum de transição. O Bidê Ou Balde e o rock nacional precisam estreitar seus laços com a genialidade.


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