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A vingança da meca roqueira

03 out 2003 às 10:59
Julian Casablancas, dos Strokes: versão ao vivo em piloto automático - Reprodução
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A culpa é toda dos Strokes. Ao serem saudados como os "salvadores" do rock há dois anos, ostentando no currículo um mero EP com três faixas, acenaram para os novidadeiros que a meca da guitarra, baixo e bateria era Nova Iorque novamente. Talvez a cidade que mais tenha revelado bandas relevantes na história: Velvet Underground, New York Dolls, Kiss, Ramones, Talking Heads, Television, Patti Smith, Blondie, Sonic Youth, Beastie Boys, Jon Spencer Blues Explosion…

A coletânea "Yes New York", que a Warner lança agora no Brasil, se vale do fator Strokes para tentar comprovar que o passado glorioso do rock nova-iorquino se estende ao presente. Se for levado em conta o fato de que a imprensa inglesa anda caindo de amores pelas novas bandas americanas (Queens Of The Stone Age, At The Drive-In, Kings Of Leon), Nova Iorque é o único foco que concentra geograficamente muitos desses nomes badalados.

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Entre as 16 faixas da coletânea, constam grupos já consagrados, outros com credenciais para o hype e muitos que, para o bem da humanidade, não devem ir muito além de respirar toda semana o odor de suor e urina do CBGB’s. Os Strokes são a isca, comparecendo com uma versão ao vivo de "New York City Cops". A música é meio que tocada no piloto automático – palco não é mesmo o forte da turma de Julian Casablancas. Melhor gastar seu tempo baixando as músicas de "Room On Fire", que já caiu inteiro na rede e (sim!) é delicioso.

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Com os Strokes em tarde pouco inspirada, fica fácil para o Interpol brilhar na peleja. O quarteto vem com "NYC", a melhor canção de seu ótimo álbum de estréia, "Turn On The Bright Lights" (lançado no Brasil pela Trama), de soturna elegância a fornecer um retrato decadente da metrópole ianque: "o metrô é pornográfico/ as calçadas são uma bagunça". Com sons fantasmagóricos ao fundo e guitarras estelares, chega a ser assombroso.

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Fechando a trinca dos hypes máximos da Nova Iorque recente, os Yeah Yeah Yeahs aparecem travestidos sob o nome Unitard na baladinha acústica "Year To Be Hated", tão dispensável quanto quase tudo no primeiro álbum da banda "verdadeira", "Fever To Tell" (outro que saiu no Brasil). Entre os que estão no degrau intermediário entre o porão e a graça dos tablóides britânicos, o Walkmen abusa da paciência nos vocais bêbados de "Rue The Day", o Rapture ("Olio") demonstra que a espera pelo show do White Stripes no Tim Jazz vai ser longa e o Radio 4 entrega a linda "Save Your City".


Essa faixa, inclusive, resume a ética do rock nova-iorquino: linhas de baixo vigorosas, guitarras econômicas, solos, só em última instância. Quando a serviço de uma boa canção pop, como no som retrô do Radio 4, cai que é uma beleza. Mas Elvis Costello já disse que o rock foi uma bela desculpa pra que muito inepto não se esforçasse em aprender a compor. Tese comprovada com louvor nas bombas de Rogers Sisters (riot grrrl de quinta – como se tivesse de outro tipo), lcd soundsystem ("Tired") e Witnesses ("I Should Have Not To Ask"). O Le Tigre, banda de Kathleen Hanna (ex-Bikini Kill), mancha sua breve e boa reputação com um remix chato de "Deceptacon".

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Por fim, se o que você queria em "Yes New York" era conhecer alguma novidade para saber o que baixar na sua próxima visita ao Kazaa, anote os seguintes nomes: Longwave, produzido por Gordon Raphael (o sujeito que registrou os dois álbuns dos Strokes), faz choradeira da boa em "Next Plateau"; Calla ("Strangler") é rock soturno e de refrões fortes; Natural History ("The Right Hand") demonstra que o pop nova-iorquino adora as bandas inglesas, se equilibrando entre Suede e Blur; e Secret Machines ("What Used To Be French") prefere olhar para o próprio umbigo, ao se inspirar nas guitarras climáticas do Sonic Youth.


Ainda que o saldo seja até positivo, "Yes New York" é uma lição para quem apregoa que Nova Iorque tem mais bandas legais do que o Brasil e a Inglaterra somados, porque no underground da maior cidade do mundo há, sim, muito lixo. Leve isso em conta quando tentarem vender o próximo hype.

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Lançamentos


Penélope"Rock, Meu Amor" (Som Livre)

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Que pena. Quando o quinteto baiano Penélope surgiu com "Mi Casa, Su Casa", em 1999, era um nome promissor. Nada muito genial, mas rock digerível. Depois de saírem da Sony, eles estréiam no selo da Globo (hummm...) com um álbum que cheira a idéia "genial" de diretor de gravadora: "Vamos fazer um disco só com covers de rocks falando de amor". O que seria apenas uma bobagem vira um martírio devido à obviedade do repertório. Até quando a Penélope grava músicas de gente cult, como Los Hermanos ("Quem Sabe") e Wander Wildner ("Eu Tenho Uma Camiseta Escrito Eu Te Amo"), as escolhas não poderiam ser mais clichê. Quando cai sobre os medalhões, aí é que a coisa fica feia de verdade: "Não Serve Pra Mim", de Roberto e Erasmo, ou "Saber Amar", dos Paralamas. E fica a constatação: não adianta colocar teclado moderninho, versões de "Estúpido Cupido" e "Fórmula do Amor" (Kid Abelha) são imperdoáveis.


Para quem gosta de: Kid Abelha, Metrô, Blitz.

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Velvet Underground"The Very Best Of" (Universal)


Junto ao relançamento de "Velvet Underground & Nico" (1967), o "álbum da banana", esta coletânea de 18 faixas representa o retorno do Velvet às prateleiras nacionais. Sem mistérios ou ousadia, o disco pinça destaques dos cerca de cinco anos de atividades da banda que revelou Lou Reed e que influenciou nove em cada dez grupos que você adora. As surpresas são poucas, todos os medalhões estão aqui: "Heroin", "I’m Waiting For The Man", "Venus In Furs", "Pale Blue Eyes", "Sweet Jane", "Rock’n Roll", "Stephanie Says" (que depois viraria "Caroline Says II", faixa do terceiro solo de Reed, "Berlin", de 1973)... Como todo indie que se preza tem tudo do Velvet, a coletânea talvez não sirva pra muita coisa. Mas você pode dar de presente para aquele priminho que vê Pitty na MTV e exclama: "Massa!". Antes que seja tarde demais.

Para quem gosta de: Pavement, Strokes, Galaxie 500.


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