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Amadurecimento em excesso

28 jul 2003 às 21:45

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Alguém aí se lembra dos Super Furry Animals? Aquela banda galesa divertida, que surgiu na segunda metade dos anos 90 misturando power pop, influências dos anos 60 e barulhos eletrônicos? Que fazia letras non-sense enquanto ia sem pudor da música caribenha ao rock pauleira? Que agradou tanto o pessoal do Pato Fu que a banda mineira se "inspirou" em muita coisa do quinteto galês para compor "Ruído Rosa" (2001)? Pois bem, os próprios Super Furry Animals parecem concentrados em esquecer a banda que já foram.

Esse processo teve início após os ótimos "Radiator" (1997) e "Guerrilla" (1999), as obras-primas da banda. Depois deles, o grupo registrou "Mwng" (2000), esquisito disco com letras na espinhosa língua do País de Gales, e "Rings Around The World" (2001), onde pela primeira vez a turma de Gruff Rhys (cantor e guitarrista) tentava soar "séria". Apesar de inferior aos melhores trabalhos dos Animals, o disco esteve longe de decepcionar – afinal, continha "Juxtapozed With U", a melhor música que a banda já escreveu.

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Em "Phantom Power" (Beggar’s Banquet, importado – a Sony deve lançar o CD no Brasil em outubro, quando a banda se apresenta no país), sexto álbum do quinteto que chegou na semana passada às lojas gringas, entretanto, há muito pouco ou nada que se salve. Os Super Furry Animals abandonaram a saudável esquizofrenia do início da carreira, quando faziam britpop para consolar os fãs que nunca tinham se conformado com o fato do Blur ter desistido de si mesmo para imitar Radiohead, em nome de baladas arrastadas, na linha de introspecção do rock inglês recente.

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A história triste tem conexões brasileiras: Mario Caldato Júnior, conhecido pelas suas colaborações com os Beastie Boys, e que já trabalhou com Beck e Planet Hemp, foi o responsável pela produção. Mas não se pode atribuir a ele a performance ordinária de "Phantom Power" – ouvir um disco dos Animals ainda é uma coisa interessantíssima de se fazer com fones de ouvido, para que se possa apreender de todo a forma habilidosa como a banda encaixa barulhos e efeitos. Mas as composições não ajudam.

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O álbum abre com a preguiçosa "Hello Sunshine", com uma voz feminina entoando os primeiros versos e uma leseira tipo casa-no-campo. As coisas melhoram com "Liberty Belle", com bom refrão power pop que lembra os melhores momentos de Rhys: "Nós estamos cavando em direção ao inferno!". O primeiro single, "Golden Retriever", também é pop dos bons, mas deixa evidente qual é cara de "Phantom Power": não é ruim, mas não é empolgante o suficiente, o que entra em choque com o passado dos Super Furry Animals.


A partir daí, o álbum se perde em psicodelia de ressaca ("The Piccolo Snare", "City Scrape Sky Baby"), baladas sem sal ("Venus And Serena", composta para, sim!, as irmãs famosas do tênis) e idéias mal resolvidas, como na última faixa, "Slow Life", onde a banda soterra uma soberba introdução orquestrada com uma burocrática intervenção de batidas eletrônicas.

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Você só não manda Rhys catar coquinho porque ele ainda consegue compor algo como "Out Of Control", outra maravilhosa macaqueação de rock pesado daquelas que só os Animals sabem fazer (quem lembra de "Do Or Die" ou "The Teacher"?), e a deliciosa "Sex, War & Robots", com vocais do guitarrista Huw "Hunf" Bunford e uma preciosa guitarra caipira, a única faixa realmente antológica de "Phantom Power". Tem banda que não precisava "amadurecer".


Lançamentos

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Mogwai"Come On Die Young" (Trama)


Com quatro anos de atraso, a Trama lança no Brasil o segundo disco da banda escocesa, enquanto os gringos já compram "Happy Songs For Happy People", quarto álbum do grupo (que acabou de sair lá fora pela Matador). Mas na comparação direta entre os dois trabalhos, "Come On Die Young" é o melhor disco da carreira do Mogwai, e o que fez a moral da banda entre os alternativos. A primeira faixa, "Punk Rock", traz um discurso de Iggy Pop, no qual o criador do subgênero musical que dá nome à música tenta justificar a força dos três acordes: "Eu não conheço Jonny Rotten (Sex Pistols), mas tenho certeza de que ele coloca tanto sangue e suor no que ele faz quanto Sigmund Freud". A única faixa com vocais é "Cody" – as outras formam um labirinto de temas instrumentais cheios de guitarras dedilhadas, teclados discretos e barulho (ouça o trecho intermediário de "Christmas Steps", ou a progressão de "May Nothing But Happiness Come Through Your Door"), em linhas harmônicas melancólicas que se repetem ao infinito. Belíssimo, ainda que, a exemplo de qualquer coisa que o Mogwai já tenha gravado, não seja recomendável ao pessoal das FMs.

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Para quem gosta de: My Bloody Valentine, Slint, Tortoise.


Whirlwind Heat"Do Rabbits Wonder?" (Sum)


Trio americano apadrinhado por Jack White, dos White Stripes, o Whirlwind Heat é uma banda de idéias ocasionalmente geniais, como lançar um disco em que todas as treze faixas têm nomes de cor ("Yellow", "Red"). O som, na linha de Gang Of Four e principalmente Devo, com vocais dementes como os dos Pixies, às vezes justifica a aquisição do disco, como na abertura, "Orange" (que canta: "talvez seja uma boa hora pra morrer"), ou na voraz "Blue". Mas na maior parte do tempo as combinações matemáticas de linhas de baixo retas e batidas idem soam tão chatas quanto aprender números complexos.

Para quem gosta de: Devo, músicas psicodélicas do Queens Of The Stone Age.


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