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Colossal anonimato

19 set 2003 às 10:59
Philip, Alison e Stuart: crueza sem agressividade - Reprodução
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Você vai ler poucas resenhas por aí sobre o relançamento de "Colossal Youth", o único álbum da carreira dos Young Marble Giants. Talvez alguma contenha o blá-blá-blá: "não se dá a devida atenção a este disco importantíssimo, ouvido por poucos, mas influente na história do rock, etc, etc, etc". Se você ler algo assim, recuse – os Young Marble Giants não são influentes, não são importantes, mesmo entre o pessoal indie que adora citar bandas obscuras é difícil encontrar quem tenha ouvido falar deles.

Isso não impede que "Colossal Youth" seja um álbum divertido e instigante. A Pias lança agora uma reedição do disco no mercado americano, idêntica à que havia sido colocada nas lojas pelo selo Crepuscule na Europa na década passada. Às 15 faixas do disco original, de 1980, foram acrescentadas as três faixas inéditas do single "Final Day", as seis músicas instrumentais do EP "Testcard", ambos lançados entre o final de 80 e o início de 81, além de "Ode To Booker T", incluída na coletânea de bandas underground "Is The War Over?", de 1979.

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Os Young Marble Giants surgiram no final dos anos 70 em Cardiff, no País de Gales, no trio formado pelos irmãos Stuart e Philip Moxham e a cantora Alison Statton. Stuart tocava guitarra e compunha a grande maioria das canções sozinho; Philip tocava baixo e Alison apenas cantava. Vez ou outra, algum dos irmãos disparava uma bateria eletrônica ou um teclado.

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O som da banda se filiava à crueza sem agressividade que ficou conhecida como pós-punk. Trabalhava com arranjos limpos, quase sempre reduzidos à guitarra de poucos acordes de Stuart, um baixo cavernoso e a voz angelical de Alison. A guitarra, sempre desprovida de distorção, é tocada à moda punk, naquele clichê tradicional de abafar as cordas e acentuar as palhetadas nas mudanças de acordes. Considerando-se o silêncio ao fundo, o contraste é desnorteador.

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Composto de faixas curtas, muitas não chegando ao terceiro minuto, "Colossal Youth" pode desagradar o ouvinte acostumado a sons mais familiares, pela semelhança entre as faixas e a recorrência nos arranjos. No geral, é um disco com canções superiores à forma como foram registradas – as melodias de Stuart podem ser resgatadas sem medo por quem quiser posar de moderno com uma boa composição pop. Courtney Love não teve dificuldades em fazer uma versão melhorada de "Credit In The Straight World", à frente do Hole, ao adicionar pauleira punk à delicadeza do original.


O disco é forrado de maravilhas como "Eating Noddemix", assobiável e grudenta, "Choci Loni", "Music For Evenings" e "Wurlitzer Jukebox", esta a melhor do CD, com um refrão deliciosamente tenso e as intervenções da guitarra de Stuart preenchendo divinamente os espaços. Os caras do Sebadoh deveriam voltar só pra regravar essa música. As faixas de "Testcard", gravadas sem que Alison desse as caras no estúdio, são as menos interessantes – muito órgão de churrascaria, a bateria eletrônica possível no início dos anos 80, timbres anacrônicos varridos pelo túnel do tempo a serviço de peças instrumentais não tão inspiradas assim.

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No fim, acabou por aí. Poucos meses após o lançamento de "Testcard", os Young Marble Giants encerraram atividades. Pouca gente deu importância ao fato, e desde então as coisas não mudaram. A exemplo do que aconteceu com os Vaselines, o trio chamou timidamente a atenção nos anos 90, quando Kurt Cobain falou maravilhas sobre "Colossal Youth" à imprensa. Além do Hole, outros grupos de mediano prestígio na seara alternativa regravaram músicas dos Young Marble Giants, como Galaxie 500, Lush e Magnetic Fields. No Brasil, Renato Russo chegou a citá-los como influência.


Depois da separação, Alison Statton lançou discos com o Weekend, Ian Devine e Spike Williams, para atingir repercussão pouco maior do que nos Giants. Stuart Moxham produziu gravações de Beat Happening (cujo vocalista, Calvin Johnson, deve ser o maior tiete dos Young Marble Giants de todos os tempos) e Coctails, e arregimentou uma discografia maior do que a da ex-colega, com o The Gist, solo e em colaborações. Philip tocou em trabalhos dos outros dois mas não se concentrou em nenhuma banda.

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"Colossal Youth" é um capítulo da história do rock que você não precisa se esforçar para esquecer, visto que ele já foi empurrado para baixo do tapete da cronologia do gênero. Mas merece ser conhecido pela sua justaposição de tensão e silêncio, escuridão e ingenuidade – tem horas em que "importância" quer dizer simplesmente nada. Sem falar que a gente faz a história do rock que a gente quiser.



Hellacopters"By The Grace Of God" (Universal)

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Eles vêm da Suécia, a nova terra prometida do rock, e não têm vergonha de fazer hard rock com direito a todos os clichês do gênero: cabelos compridos, solos de guitarra virtuosos, para serem tocados de joelhos, e refrões grandiloqüentes. "By The Grace Of God" é o terceiro disco da banda a sair no Brasil, que se apresenta por aqui esta semana. Num repertório bastante uniforme e de qualidade, destacam-se a faixa-título, de refrão inspirado, e a cadenciada "Carry Me Home", que, como indicava a bela "No Song Unheard" (do anterior, "High Visibility"), prova que os Hellacopters mantêm o nível quando pisam no freio.


Para quem gosta de: Queens Of The Stone Age, Backyard Babies, Deep Purple.

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Smiley"A Eternidade Em Um Segundo" (Independente)


O quinteto Smiley vem de Santos, terra conhecida pelo anti-mérito de ter legado ao mundo o Charlie Brown Jr. O som do grupo vai numa direção musical totalmente oposta – privilegia violões, guitarras sem distorção e melodias inspiradas nos Beatles e nas bandas que pararam nos Beatles: Teenage Fanclub, Big Star, Travis, Oasis. "A Eternidade de Um Segundo" é o segundo lançamento da banda, do ano passado. Os fãs dos conjuntos citados podem arriscar qualquer uma das doze faixas do CD – principalmente os de Travis, "homenageado" em "Pra Você" (com a mesma seqüência de acordes que abre "Why Does It Always Rain On Me"). Pra comprar: www.smileysite.tk.

Para quem gosta de: Teenage Fanclub, Travis, últimos discos do Skank.


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