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Molecada que sabe tudo

16 ago 2003 às 10:59
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Quem ainda consegue entender a crítica inglesa? O hype do ano dos tablóides musicais britânicos é este simpático quarteto do Tennessee, o Kings Of Leon. Os moleques, todos rondando os vinte anos, fazem um rock tão divertido quanto anti-cool. Se vestem como a banda do filme "Quase Famosos". Reciclam o rock caipira e anacrônico (atenção, leitor, anacronismo não é necessariamente defeito) de gente como Neil Young e Creedence Clearwater Revival. Considerando-se que a imprensa inglesa andava incensando adeptos da garageira como Strokes e White Stripes, como o Kings Of Leon foi cair na graça desse povo?

A banda é formada por três irmãos, Caleb (vocais e guitarra), Jared (baixo) e Nathan (bateria) Followill, filhos de um pastor da Igreja Pentecostal chamado Leon. Completa a turma o primo Matthew, segundo guitarrista. No início do ano, os Kings lançaram um festejado EP, "Holly Roller Novocaine", que atiçou o hype. Na próxima semana, chega às lojas de todo o mundo o primeiro álbum, "Youth And Young Manhood" (RCA). No Brasil, inclusive – a BMG enxerga nos Kings o fator Strokes, que chegou embalado pela adulação gringa em 2001 e precisou de pouca divulgação para encher a burra.

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Quem ouvir as doze faixas de "Youth And Young..." vai ter a impressão que papai Leon trancou os meninos até o final da adolescência num porão, obrigando-os a ouvir ininterruptamente Creedence, Neil Young, Lynyrd Skynyrd, Bob Dylan e "Beggar’s Banquet", dos Rolling Stones. De outros sons, no máximo sapecaram um Led Zeppelin na vitrola. Não é à toa que um crítico já apelidou a banda de "Lynyrd Strokes". É rock datado a partir da capa, breguíssima. Tão anti-cool quanto delicioso.

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Por vezes, o rockão caipira é acelerado, o que quase aproxima os Kings do punk, como em "Wasted Time" e "Red Morning Light", mas sempre à base de guitarras rancheiras. A voz de Caleb, inclusive, emula a manha da estirpe menino-branco-tenta-cantar-blues, o que indica que os irmãos Followill aprenderam direitinho os clichês do rock. Dentro do estilo, a banda faz de tudo um pouco: paulada na radiofônica "Molly’s Chambers", blues bêbado em "Dusty" e gemas pop perfeitas, na trinca "Joe’s Head", "Trani" e "California Waiting".


A primeira traz um ensolarado dedilhado caipira, enquanto a segunda é um daqueles baladões rock, com todos os exageros e lamentos a que se tem direito. Começa com uma guitarrinha chorada e os gemidos de Caleb, até ser pervertida no final por uma avalanche de solos e berros. A soberba "California Waiting" é desde já uma das melhores canções de rock desta jovem década, com guitarras limpas em timbres delicados, emoldurando a melodia triste e um refrão antológico.

Não é necessário mais do que uma dúzia de ótimas faixas para atrair a atenção da imprensa inglesa, e aí você entende em parte porque os Kings foram alvo de tanta badalação. E, pra mostrar que decoraram a lição de casa, os meninos acertam até na saída: disco de rock tem que fechar com balada. Vem "Talihina Sky", com pianinho e lágrimas. Essa molecada de hoje em dia sabe tudo.


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