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Duas instituições indies em som e imagem

16 jul 2004 às 11:00
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O indie não pode reclamar de falta de opções na hora de comprar DVD. O ano nem acabou e os lançamentos de 2004 já são muitos: a edição nacional de "Fans Only" (Trama), do Belle & Sebastian, títulos de Pixies, Iggy & The Stooges, Galaxie 500 (estes três lançados apenas no exterior). A farra dos sons alternativos nas prateleiras de DVDs ganha reforços com os recém-editados "Corporate Ghost – The Videos: 1990-2002", do Sonic Youth, e "Video Capture Device – Treasures From The Vault 1991-2002", do Weezer, que acabam de chegar às lojas brasileiras pela Universal Music.

Cada um tem duração aproximada de três horas, o que garante o êxtase do fã mais apaixonado. Sobre as bandas em questão, não é preciso falar muito: Sonic Youth e Weezer formam ao lado dos Pixies a santíssima trindade dos admiradores do rock alternativo. O primeiro grupo é adepto das dissonâncias e da microfonia a serviço de uma proposta sonora ao mesmo tempo pop e metida a vanguardista, enquanto o segundo é mais ortodoxo, na linha power pop, na qual guitarras pesadas acompanham melodias extremamente grudentas.

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"Video Capture Device" é um registro extenso da primeira década de atividades da banda norte-americana liderada por Rivers Cuomo, compositor de todas as canções do grupo. As grandes atrações do DVD são os 13 vídeos de divulgação dos quatro álbuns já lançados pelo quarteto, alguns deles inéditos ou raramente vistos na MTV, como os clipes de "El Scorcho" e "Photograph". Em seus vídeos, a exemplo do que faz em seu som, o Weezer sabe arrancar resultados inusitados de fórmulas comuns.

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Prova disso é o genial clipe de "Buddy Holly", ganhador do MTV Video Music Awards de 1995 na categoria Melhor Vídeo Alternativo e dirigido por Spike Jonze (diretor do filme "Quero Ser John Malkovich"), em que a banda aparece como atração musical do seriado "Happy Days", veiculado nos Estados Unidos nos anos 70 e 80; ou o engraçado drama de "The Good Life" (direção de Valerie Ferris e Jonathan Dayton, que assinaram o premiado "Tonight Tonight", dos Smashing Pumpkins), em que uma entregadora de pizzas se distrai com uma mensagem de amor escrita no céu com a fumaça de um avião e "estraga" uma encomenda.

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O restante do DVD é cheio de raridades, como as propagandas para televisão dos álbuns da banda e comentários dos integrantes sobre os clipes, além de dezenas de imagens de shows, das gravações dos discos e de brincadeiras nos bastidores. O problema é que muitos destes registros apresentam péssima qualidade de som e imagem, o que faz com que boa parte do pacote seja atraente apenas para fãs fervorosos.


Já "Corporate Ghost" é uma coletânea de todos os 23 clipes que o Sonic Youth gravou desde "Goo" (1990), seu primeiro álbum lançado por uma grande gravadora – a Geffen Records, onde a banda está até hoje – após uma década em selos underground, até o penúltimo disco inédito, "Murray Street" (2002). O título ("fantasma corporativo") é uma ironia direcionada a quem acusou o quarteto nova-iorquino (hoje quinteto) de se "vender" ao assinar com uma major.

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Logo na estréia pela Geffen, a banda bancou a pretensão de fazer vídeos promocionais de todas as 11 músicas de "Goo". Alguns são péssimos ("My Friend Goo", "Tunic (Song For Karen)") e poucos chegaram a ser veiculados pela MTV. Um deles, "Dirty Boots" (direção de Tamra Davis), vai ser usado daqui a 20 anos para explicar como foi a juventude dos anos 90: um casal grunge – ela com camiseta do Nirvana, ele com camisa xadrez vermelha – se apaixona numa roda de pogo e encerra o vídeo com um caloroso beijo na boca, nos fundos do palco onde o Sonic Youth toca.


Esse conto de fadas indie prenunciou uma era de grandes clipes da banda nos anos seguintes: entraram para a história as imagens de skatistas de "100%" (este com co-direção de Jonze), as referências irônicas ao mundo da moda em "Sugar Kane", o clima solene de "Superstar", um tributo aos Carpenters. A partir de 1995, a qualidade dos vídeos manteve patamar elevado – vide as exuberantes imagens de shows de "The Diamond Sea" ou a câmera lenta hipnotizadora de "Sunday" -, ao contrário da música, que se debatia numa crise de irregularidade. Esta última só foi curada recentemente, com "Murray Street".

Os variados extras do DVD (que incluem blá blá blá dos diretores dos vídeos e amigos da banda) passam batidos. Parecem dispensáveis quando se constata que o Sonic Youth é um dos grupos que melhor souberam utilizar a linguagem do videoclipe desde a criação do formato.


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