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Duas visões do mesmo bairro

30 abr 2004 às 11:00
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Desde Seattle, nenhuma cidade no mundo pop vem concentrando tantas bandas badaladas pela mídia quanto Nova Iorque. A diferença primordial entre o grunge e a leva de grupos saídos recentemente da maior cidade das Américas é que a turminha de Nirvana, Alice In Chains e Pearl Jam vendeu bem mais – apesar de ter uma cena musicalmente mais limitada, com muitas bandas soando semelhantes entre si. A safra nova-iorquina ganha reforços com os novos álbuns de TV On The Radio e French Kicks.

Ambas são oriundas do Brooklyn, mas a música que fazem é tão distinta que as duas bandas parecem vir de planetas diferentes. O quarteto French Kicks lança o segundo álbum, "The Trial Of The Century" (Star Time – importado), que chega no dia 18 de maio às lojas norte-americanas. Desnecessário dizer, as onze faixas já foram parar direto na rede – o que contraria a teoria de que apenas grupos grandes como o Radiohead despertam a sanha dos rufiões virtuais que adoram proporcionar os chamados vazamentos na internet.

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O som dos French Kicks é dançante, acessível e econômico como o de outros grupos da Nova Iorque recente, como Strokes, Interpol e Elefant, embora não tenha a sujeira do primeiro e o tom trágico dos dois últimos. São canções e arranjos com baixo proeminente, guitarras discretas, teclados com timbres dos anos 80 e uma melancolia melódica que remete diretamente a uma certa banda de Manchester: "One More Time" é a faixa mais Smiths de 2004 que não vai aparecer em "You Are The Quarry", primeiro disco inédito de Morrissey em sete anos, que sai também em maio.

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É o grande momento de "The Trial Of The Century", que mantém o apreço pela auto-comiseração mesmo em faixas agitadas, como "Don’t Thank Me" e "Yes, I Guess". A qualidade das melodias proporciona um saldo positivo, ainda que os French Kicks escorreguem levemente pela repetição e na profusão de baladas – choradeira demais, sabe como é, sempre incomoda...

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O TV On The Radio não ostenta nem de longe o mesmo potencial radiofônico. Seu primeiro álbum, "Desperate Youth, Blood Thirsty Babes" (Touch & Go – importado), lançado em março, é angustiante, tenso, claustrofóbico – arranca climas de loops monomaníacos, efeitos eletrônicos caseiros e da voz de tempero soul de Tunde Adebimpe. Cheira a típica pretensão nova-iorquina: tanto Adebimpe quanto o produtor David Andrew Sitek, membro e cérebro do grupo, são artistas plásticos. A crítica gringa está adorando.


Sitek tem no currículo produções para Liars e Yeah Yeah Yeahs, cujo guitarrista, Nick Zinner, participa de "Desperate Youth...". Às influências do pós-punk do Joy Division e The Fall, juntam-se sotaques jazz (os metais de "The Wrong Way"), de rock progressivo ("King Eternal"), trip hop ("Bomb Yourself") e até indie rock, veja só (as guitarras de "Poppy"). O TV On The Radio até arranca uma canção sensacional, "Dreams", mas no todo se afunda na modorra dos arranjos, na falta de técnica das interpretações e sobretudo no clima soturno, que denota um cabecismo enjoativo.

No EP "Young Liars", do ano passado, o trio demonstrou bom humor ao incluir uma versão doo wop de "Mister Grieves", dos Pixies, na qual a marcação era feita com estalar de dedos. Esse tipo de irreverência faz falta a "Desperate Youth...". Se depender dele, o novo rock nova-iorquino nunca vai vender mais do que o grunge.


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