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Mais do que beicinho pra câmera

25 jul 2005 às 11:00
Os Hives comparecem com "Supply And Demand" - Reprodução
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Em mais de dez anos de exibição na BBC, o programa "Later... With Jools Holland" recebeu tantas e tão variadas atrações que elas já renderam sete compilações em DVD. A mais recente, "Later... Even Louder" (Warner), acaba de chegar às prateleiras brasileiras. Como o nome indica, o pacote dá preferência a bandas de rock, ainda que esteja longe da overdose de pauleira – num rol de 31 bandas, há espaço para a imundície de gente como Datsuns e Metallica, sim, mas também para o pop refinado do Mercury Rev ("In A Funny Way"), para o fascínio pelos anos 80 dos Killers ("Somebody Told Me") e para momentos radiofônicos de Garbage ("Only Happy When It Rains") e Hole ("Malibu"), por exemplo.

A alternância de novatos e veteranos é inevitável, mas involuntariamente sugere uma complementação: é possível notar o quanto o proto-grunge do Jane’s Addiction ("Been Caught Stealing") influenciou Vines ("Highly Evolved") e Queens Of The Stone Age (que, em "The Lost Art Of Keeping A Secret", mostram a grande banda que eram antes da saída de Nick Oliveri); Dandy Warhols ("Bohemian Like You"), Bravery ("Honest Mistake") e o já citado Killers deixam evidente a grande dívida que têm com o som do The Cure ("alt.end"); Primal Scream, com "Rocks", demonstram que anteciparam a reciclagem de Rolling Stones e de hard rock que é a razão de ser das carreiras de Datsuns ("In Love") e Jet ("Are You Gonna Be My Girl").

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O registro das apresentações é tecnicamente impecável, mas os truques de edição às vezes ficam enfadonhos: na performance da Desert Sessions (projeto de Josh Homme, líder do Queens Of The Stone Age), cansa a insistência na "puxada" de câmera a cada verso cantado por PJ Harvey. Em "Evil", do Interpol, o editor cometeu a extrema obviedade de colocar foco na virada da bateria de Sam Fogarino nas três entradas do refrão.

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São pecados menores se comparados à escolha do repertório. Por que dar atenção a gente inútil como Bravery, Muse (sub-Radiohead), Jet, Ash, Distillers (sub-Hole) e Dandy Warhols se todo mundo sabe que daqui a dez anos ninguém vai lembrar quem eram essas bandinhas? Mas o DVD vale pelo creme: Jon Spencer Blues Explosion ("Sweet ’N’ Sour"), o incendiário Hives ("Supply And Demand"), John Cale (que demonstra que sua voz cai melhor do que a de Lou Reed sobre "Venus In Furs"), Interpol, Queens Of The Stone Age. Estes deixam claro que o bom rock exige mais do que tatuagens, piercings, cortes de cabelo estranhos e beicinho pra câmera.

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LANÇAMENTOS


Trilha sonora – "Six Feet Under Volume 2 – Everything Ends" (Astralwerks - importado)

Trilhas sonoras têm uma tendência ao ecletismo que nem sempre dá em coisa boa. Mas a segunda coletânea de canções que embalam o seriado "Six Feet Under" atinge resultados felizes. Há desde momentos mais tradicionais, como Nina Simone com "Feeling Good" e Irma Thomas com "Time Is On My Side", até o novo pop de Jem ("Amazing Life") e Phoenix ("Everything Is Everything"). Claro, você pode passar direto pela picareta Bebel Gilberto (a não ser que você seja publicitário ou um jornalista de meia idade) e pela choradeira interminável do Death Cab For Cutie para chegar até a suprema "Lucky", do Radiohead, o divertido rock garageiro dos Caesars, com "(Don’t Fear) The Reaper", a beleza de "Cold Wind", do Arcade Fire, e uma das poucas canções suportáveis do repertório do Coldplay, "A Rush Of Blood To The Head". A decepção fica com o Interpol, que apresenta a inédita "Direction", aquém de qualquer coisa em "Antics" (de 2004), o excelente segundo álbum da banda.


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