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Rock em meio ao caos

03 set 2004 às 11:00
Os Libertines, ainda com Pete Doherty (primeiro à direita): som desleixado e melodias assobiáveis - Reprodução
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Um bando de moleques tocando rock pauleira, melódico, divertido e dançante. Quem não gosta, que atire a primeira pedra. A fama do quarteto inglês Libertines cresce em proporção direta às indefinições sobre o futuro da banda. Poucas semanas após participar das gravações do segundo álbum do grupo, "The Libertines" (Rough Trade – importado), que chegou às lojas britânicas e dos Estados Unidos esta semana - a Trama promete a edição brasileira para breve -, o guitarrista e vocalista Pete Doherty foi expulso devido aos seus problemas com drogas. A turnê de divulgação do disco está sendo feita sem ele.

Anteriormente, Doherty já havia saído da banda, pelo mesmo motivo. Em 2003, ele chegou a ser condenado pela Justiça inglesa porque teria roubado pertences da residência do outro vocalista e guitarrista do grupo, Carl Barat, para comprar drogas. Foi readmitido, mas não durou muito.

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"The Libertines" reflete esse clima caótico, tanto na urgência das composições – muitas parecem ter sido escritas às pressas – quanto nas interpretações toscas, com erros de andamento, dedilhados de guitarra desleixados e vocais claudicantes de Doherty. Ainda assim, é um disco acima da média dentro do atual rock inglês, e superior ao álbum de estréia, "Up The Bracket" (2002).

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Naquele disco, o quarteto era uma promissora bandinha que sofria de aguda falta de personalidade: os Libertines eram Clash demais, The Jam demais, Strokes demais. Destas referências, apenas o Clash segue rondando no segundo álbum (o que é até natural, já que Mick Jones produziu o trabalho), mas em reciclagens menos simiescas do que as do primeiro disco.

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O álbum traz canções com cheiro de clássico, como o delicioso primeiro single, "Can’t Stand Me Now", uma doce reflexão sobre os perrengues entre Doherty e Barat, "The Man Who Would Be King" e "Music When The Lights Go Out". Das duas últimas citadas, a primeira mergulha em la-la-las desavergonhados no refrão e a segunda é uma delicada balada roqueira, com intervenções barulhentas.


Estas duas canções e os sha-la-las de "What Katie Did" mostram que os Libertines são uma das poucas bandas que ainda acreditam em melodias pueris e despretensiosas, daquelas de assobiar, no rock atual – que, em geral, se leva a sério demais. Por vezes, a música parece que vai se despedaçar, como na cadência bêbada de "Don’t Be Shy" ou na acelerada súbita que "Campaign Of Hate" sofre. Mesmo assim, "The Libertines" é uma preciosidade.

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Tão bom que permite pensar no que a banda poderia ter alcançado se tivesse gravado o disco em condições menos problemáticas. Mas parte do encanto do álbum se sustenta nesse ambiente de caos, visto que as canções demonstram que, apesar das indefinições, os Libertines continuam sendo um bando de moleques que acreditam em rock pauleira, melódico, divertido e dançante. Quem não gosta, que ouça Bebel Gilberto.


LANÇAMENTOS

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Archie Bronson Outfit – "Fur" (Domino – importado)


Trio britânico que lança seu álbum de estréia, o ABO é mais um dos muitos grupos do novo rock a fazer som sujo, tosco e com leve tempero blues. "Bloodheat" e "The Wheel Rolls On" lembram a apropriação do rock de garagem e do blues primitivo que é a razão de ser de nomes recentes como White Stripes e Black Keys, enquanto as ótimas "Kangaroo Heart" e "Armour For A Broken Heart" abandonam as cadências manhosas e recorrem à pauleira punk. Em "Riders", a referência é inusitada: a empostação dos vocais lembra Jim Morrison. O destaque é a baladinha "On The Shore", que mostra que o ABO sabe ser sutil. Banda que promete, mas ainda não está na elite.
Para quem gosta de: White Stripes, Black Keys, The Kills.


Hurtmold – "Mestro" (Submarine)

Você provavelmente nunca ouviu falar do Hurtmold. Este sexteto paulista é adepto de uma das propostas sonoras mais idiossincráticas do rock independente brasileiro: fazer pós-rock, subgênero que não é sucesso nem nos Estados Unidos e na Europa, onde residem os principais representantes do estilo – Mogwai, Tortoise, Couch. "Mestro" é o quarto álbum da banda. Predominantemente instrumentais, as composições se alicerçam sobre construções harmônicas lentas, em que guitarra, teclados e bateria jazzística formam quebra-cabeças sonoros. Mas sem as saraivadas de distorção do Mogwai – a intenção é criar climas.
Para quem gosta de: Tortoise, Pullman, Sea And Cake.
Para comprar: www.hurtmold.cjb.net


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