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Rock jurássico

23 jul 2004 às 11:00
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Os suecos do The Hives poderiam dar aulas de preguiça para os Strokes. Enquanto a banda nova-iorquina liderada pelo filhinho de papai Julian Casablancas precisa de dois anos para lançar CDs de no máximo 36 minutos, o quinteto sueco demora de três a quatro anos para colocar nas lojas álbuns que nunca passam da meia hora de duração. O terceiro, "Tyrannosaurus Hives" (Interscope - importado), foi lançado nos Estados Unidos e na Europa no início desta semana e marca o fim de um hiato de quatro anos sem material inédito.

O disco gerou natural expectativa, visto que se trata do álbum que sucede a coletânea "Your New Favourite Band" (que saiu no Brasil pela Trama), de 2002, que transformou a banda em mania no Reino Unido graças aos hits "Hate To Say I Told You So" e "Main Offender", ambos retirados do disco "Veni Vidi Vicious" (2000). Antes de alcançar as paradas, o grupo liderado pelo demente vocalista Howlin' Pelle Almqvist era apenas mais um entre as várias bandas punks das plagas suecas e lançava seus álbuns pelo minúsculo selo underground Burning Heart.

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"Tyrannosaurus Hives" é um disco mais variado musicalmente do que seus antecessores e faz pensar se a banda teria mudado seu som caso não tivesse atingido o sucesso. O velho Hives, de espírito vidrado na ortodoxia do punk 77 e com pouquíssimas faixas que completavam o terceiro minuto, está presente em pauladas como "Abra Cadaver", "No Pun Intended", "B Is For Brutus" e "See Through Head". As duas últimas esbanjam alguns dos riffs mais potentes de 2004 e deixam evidente o fato de que o grupo está melhor produzido.

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No restante de sua exata meia hora de duração, o álbum demonstra que a banda está disposta a arriscar novos caminhos - para si, já que as referências extras utilizadas pelo Hives se vinculam a glórias há muito passadas do rock. O primeiro single, "Walk Idiot Walk", emula o Iggy Pop da fase "The Idiot" (disco de 1977), nos timbres datados e no clima robótico.

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"A Little More For Little You" é uma canção na linha dos grupos garageiros dos anos 60, com batida dançante e refrão para ser cantado aos berros. "Diabolic Scheme", que traz o pior solo de guitarra da história do rock (motivo de orgulho, já que se trata de uma banda punk), é a primeira música da carreira do Hives a conter arranjo de cordas. Na interpretação, Almqvist chega o mais próximo que consegue de um crooner - como se fosse um Frank Sinatra moicano.


Ambas estão entre as melhores faixas do álbum e completam uma trinca vitoriosa com "Love In Plaster", que lembra as bandas norte-americanas de hardcore dos anos 80 - Misfits, principalmente. Variando seu som sem viajar em excesso na maionese, o Hives entrega ao mundo o melhor disco de sua trajetória. É até um trabalho de relevância histórica: a exemplo de "Room On Fire", dos Strokes, e "Elephant", dos White Stripes, "Tyrannosaurus Hives" mostra que a geração do tal "novo" rock veio para ficar.

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LANÇAMENTOS


Ambulance LTD – "LP" (TVT - importado)

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Amigo indie, esta banda tem todas as credenciais para você amá-los: eles são de Nova Iorque, estão lançando seu primeiro álbum, o New Musical Express falou bem... Mas não pense em Strokes, Interpol, Yeah Yeah Yeahs, Walkmen, Rapture – a referência aqui é o som shoegazer da virada dos anos 80 para os 90. Chapterhouse, Ride, Galaxie 500, camadas de guitarras, climas, vocais tímidos... Já pegou no sono? Acorde, porque dá para se surpreender: neste disco, para cada bunda-molice tipicamente indie como "Swim" e "Young Urban", existe uma maravilha como as lindas "Anecdote", "Ophelia" e "Stay Where You Are". Que comprovam uma teoria: se você aperfeiçoar uma banda shoegazer, ela vira o Teenage Fanclub. Se o Ambulance LTD for por essa rota, terá um futuro brilhante.
Para quem gosta de: Ride, Teenage Fanclub, Stills.


Fiery Furnaces – "Blueberry Boat" (Rough Trade – importado)

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Que pena. Essa duplinha norte-americana formada pelos irmãos Matthew e Eleanor Friedberger parecia algo adorável no ano passado, quando lançou um delicioso álbum de estréia, "Gallowsbird’s Bark", que pouca gente ouviu, mas cimentou uma expectativa para seu sucessor. Contaminada pela pretensão, a dupla abandonou suas músicas curtas que faziam alusão aos rocks do Velvet Underground e ao mesmo tempo à desencanação dos Mutantes e optou por justapor trechos de música sem muita relação entre si em "Blueberry Boat". O álbum é cheio de melodias que não se repetem, outras que se repetem em demasia, e mudanças bruscas de andamento que mais chateiam do que surpreendem. Como um musical executado de forma (bastante) infeliz. A confusão fica evidente quando se constata a duração das faixas: cinco passam dos sete minutos e o disco todo, de apenas 13 faixas, tem mais de 76 minutos. Certas bandas não deviam ficar chatas tão cedo.
Para quem gosta de: Mutantes, Captain Beefheart, rock progressivo.


SHOW

A banda maringaense Betty by Alone faz show em Londrina neste domingo, dia 25, a partir das 21 horas no bar Valentino (Av. Bandeirantes, 61). O couvert é R$ 4,00. O grupo já lançou dois CDs independentes, "44 21 56" e "Rebite". O som lembra papas do indie como Guided By Voices e Teenage Fanclub. O Betty By Alone está gravando seu terceiro disco e deve fazer shows em breve em Porto Alegre e São Paulo. Detalhes? www.bettybyalone.com.


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